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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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MORAL: QUANDO A ESCURIDÃO É GRANDE FICA PERIGOSO<br />

QUALQUER BRILHO INDIVIDUAL (FERNANDES, 1978, p.33-34).<br />

Mas de qual brilho se trata? No conjunto das relações entre homens, onde<br />

reside o teor do que se poderia chamar, ingenuamente, de brilho? Que parâmetros<br />

determinam a medida das coisas, já que, desde o começo da civilização ocidental, o<br />

homem é o próprio mensurador? Pois é!? Este mesmo homem converte-se em mau<br />

versador de seus potenciais e acaba confundindo a balança onde se pesam as<br />

proporções de cada item. Dizer isto assim, parece moralismo demais para o estilo de<br />

Millôr, algo de uma eloqüência despropositada diante de sua clara secura. Seu<br />

Humor desarma tanto palavrório empolado; sua maneira de falar sobre isto não é<br />

esta. Para não traí-lo demais é melhor parar por aqui. A resposta a estas questões já<br />

declaram a pouca importância de seu ar inflamado. De que brilho se trata? Ora, não<br />

me faça rir! Ou melhor, faça!<br />

É com tal intenção que Millôr amplia o âmbito do tema ao abordá-lo noutra<br />

fábula, que agora se apresenta:<br />

O GRANDE SÁBIO E O IMENSO TOLO<br />

Por um acaso do destino, um velho e sábio professor e um jovem e estulto<br />

aluno se encontraram dividindo bancos gêmeos num ônibus interestadual. O<br />

estulto aluno, já conhecido do sábio professor exatamente por sua estultície,<br />

logo cansou o mestre com seu matraquear ininterrupto e sem sentido. O<br />

professor aguentou o quanto pôde a conversa insossa e descabida. Afinal,<br />

cansado, arranjou, na sua cachola sábia, uma maneira de desativar o papo<br />

inútil do aluno. Sugeriu: “Vamos fazer um jogo que sempre proponho nestas<br />

minhas viagens. Faz o tempo passar bem mais depressa. Você me faz uma<br />

pergunta qualquer. Se eu não souber responder, perco 100 cruzeiros.<br />

Depois eu lhe faço uma pergunta. Se você não souber responder, perde 100<br />

cruzeiros”. “Ah, mas isso é injusto! Não posso jogar esse jogo” — disse o<br />

aluno provando que não era tão tolo quanto aparentava — “eu vou perder<br />

muito dinheiro! O senhor sabe infinitamente mais do que eu. Só posso jogar<br />

com a seguinte combinação: quando eu acertar ganho 100 cruzeiros.<br />

Quando o senhor acertar ganha só 20 cruzeiros.” “Está bem” — concordou<br />

o professor — “pode começar.” “Me diz, professor” — perguntou o aluno —,<br />

“o que é que tem cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau?”<br />

O professor, sem sequer pensar, respondeu “Não sei; nem posso saber!<br />

Isso não existe”. “O senhor não disse se devia existir ou não. O fato é que o<br />

senhor não sabe o que é” — argumentou o aluno — “e, portanto, me deve<br />

100 cruzeiros.” “Tá bem, eu pago os 100 cruzeiros” — concordou o<br />

professor pagando —, “mas agora é minha vez. Me diz aí: o que é que tem<br />

cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau?” “Não sei” —<br />

respondeu o aluno. E, sem maior discussão, pagou 20 cruzeiros ao<br />

professor.<br />

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