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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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sentidos denotados e conotados sem qualquer preocupação com tais sisudos<br />

conceitos.<br />

Mas a língua tem seus desígnios e gradativamente os impõe, com suprema<br />

autoridade, à revelia de qualquer particular autoria (eis do que se serve Millôr, mais<br />

tarde, para exemplo de desautorização, como compete ao âmago do Humor:<br />

Esse jogo chega ao fim pelo fortalecimento de um fator que merece ser<br />

descrito como faculdade crítica ou racionalidade. O jogo é agora rejeitado<br />

como sem sentido ou efetivamente absurdo; em conseqüência da crítica,<br />

torna-se impossível (OC, p.151).<br />

O falante torna-se sujeito à língua. Em virtude disso, o ulterior<br />

desenvolvimento em direção à complexa estrutura dos chistes é governado pelo<br />

esforço precípuo de evitar a crítica da razão.<br />

Com isso, assoma o segundo estágio preliminar dos chistes: o gracejo.<br />

2.2.2 Gracejo<br />

Diante das razões "trata-se agora de prolongar o prazer resultante do jogo,<br />

silenciando ao mesmo tempo as objeções levantadas pela crítica [...]. Há apenas um<br />

modo de alcançar esse fim: as combinações sem sentido de palavras ou as<br />

absurdas reuniões de pensamento devem, não obstante, ter um sentido” (OC,<br />

p.152).<br />

Assim, a trama lingüística deve compor-se corretamente. Não há contudo,<br />

qualquer exigência quanto ao valor do conteúdo veiculado. O gracejo não apresenta<br />

nenhuma idéia que não possa ser expressa de outra forma. Toda a engenhosidade<br />

na elaboração do discurso é convocada apenas para preservar o gozo lúdico e<br />

atender, simultaneamente às leis da língua. Em conseqüência. "todos os métodos<br />

técnicos dos chistes já são empregados aqui - nos gracejos..." (IBIDEM).<br />

Mas o juízo crítico não se deixa seduzir eternamente pela forma e faz<br />

exigências quanto à consistência do conteúdo. Para satisfazer a essas condições o<br />

gracejo revela-se impotente e cede lugar a uma estrutura mais elaborada.<br />

2.2.3 Chistes inocentes<br />

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