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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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se estou abaixo da corrente?” “Pois se não foi você foi seu pai, foi sua mãe<br />

ou qualquer outro ancestral e eu vou comê-lo de qualquer maneira, pois<br />

como rezam os livros de lobologia, eu só me alimento de carne de cordeiro”<br />

— finalizou o lobo preparando-se para devorar o cordeirinho. “Ein moment!<br />

Ein moment!” — gritou o cordeirinho traçando lá o seu alemão Kantiano.<br />

“Dou-lhe toda razão, mas faço-lhe uma proposta: se me deixar livre atrairei<br />

para cá todo o rebanho”. “Chega de conversa” — disse o lobo — “vou comêlo<br />

logo, e está acabado”. “Espera aí” — falou firme o cordeiro — “isso não é<br />

ético. Eu tenho, pelo menos, direito a três perguntas”. “Está bem” — cedeu<br />

o lobo irritado com a lembrança do código milenar da jungle. — “Qual é o<br />

animal mais estúpido do mundo?” “O homem casado” — respondeu<br />

prontamente o cordeiro. “Muito bem, muito bem! — disse o lobo, logo<br />

refreando, envergonhado, o súbito entusiasmo. “Outra: a zebra é um animal<br />

branco de listras pretas ou um animal preto de listras brancas?” “Um animal<br />

sem cor pintado de preto e branco para não passar por burro” — respondeu<br />

o cordeiro. “Perfeito!” — disse o lobo engolindo em seco. “Agora, por último,<br />

diga uma frase de Bernard Shaw”. “Vai haver eleições em 66” — respondeu<br />

logo o cordeirinho mal podendo conter o riso. “Muito Bem, muito certo, você<br />

escapou!” — deu-se o lobo por vencido. E já ia se preparando para devorar<br />

o cordeiro quando apareceu o caçador e o esquartejou.<br />

MORAL: QUANDO O LOBO TEM FOME NÃO DEVE SE METER EM<br />

FILOSOFIAS (FF, p.20-21).<br />

Como se viu na situação anterior, também aqui pode-se encontrar outra<br />

textura para a mesma moralidade, só que ainda mais amarga e ostensivamente<br />

crítica da condição humana. As discussões são levadas a seu último termo e,<br />

portanto, às suas finalidades, em:<br />

OS PERIGOS DA FILOSOFIA<br />

E como estavam ali há tanto tempo juntos, aqueles quatros moços e o<br />

professor, um pouco mais velho, este propôs-lhes uma lição, um teste<br />

filosófico: “Meus amigos, companheiros, meus, por assim dizer, discípulos.<br />

Estamos aqui, neste aposento praticamente vazio. Pois bem, digamos que<br />

cada um de vocês tivessem que encher esse espaço. Qual seria a maneira<br />

mais rápida e mais útil de encher este quarto? Responda você primeiro,<br />

José”. E José, o mais velho dos moços, respondeu: “Eu encheria de palha.<br />

Seria uma maneira muito rápida de encher o quarto, porque a palha é leve e<br />

fácil de transportar e extremamente útil, pois com ela se poderiam tecer<br />

cestas e sobre elas se poderia descansar melhor”.<br />

O professou esclareceu: “Você deu a resposta brilhante, rápida e válida, e<br />

parece que quem errou fui eu. Embora a palha seja realmente uma coisa<br />

extremamente útil, eu preferia que a sugestão ficasse clara: é encher o<br />

quarto compacta, totalmente. Você agora, Mário”. Mário, o mais magro de<br />

todos, respondeu: “Eu encheria tudo de areia. Também é fácil de transportar<br />

e o quarto ficaria cheio. Poderíamos deitar também sobre a areia, uma vez<br />

seca, ou usá-la como defesa, nos olhos de alguém que nos atacasse”.<br />

“Muito bem”, aceitou o professor e mais velho. “Mas não haverá idéia que<br />

resolva melhor a proposta do teste, Eusébio?” Eusébio, o barbado, que já<br />

tinha tido tempo de pensar, disse: “Acho que sim. Eu encheria o aposento<br />

com água. Aí ele estaria cheio, completamente mesmo, não se poderia<br />

encher o quarto mais rapidamente, pois bastaria deixar a bica do banheiro<br />

aberta algum tempo. Além disso, todos sabem, existe coisa mais útil que a<br />

água?” “Você ganhou, realmente, na rapidez e na utilidade, Eusébio”, disse<br />

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