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se instalariam depois e não como algo natural da natureza humana. A<br />
motivação inicial seria a necessidade de movimento (MASSIH, 2006,p. 4).<br />
Winnicott propõe uma criatividade primária como sendo um impulso inato em<br />
direção à vida em sua plena expressão, e esta proposta está inevitavelmente<br />
vinculada a muitos elementos e processos de sua elaboração teórica. Jan Abram<br />
enumera os fundamentais:<br />
• A experiência de onipotência nas primeiras etapas da relação mãe-bebê;<br />
• A capacidade da mãe de responder ao gesto espontâneo do bebê, assim<br />
facilitando o desenvolvimento do sentimento de self (originado a partir do<br />
verdadeiro self);<br />
• O papel desempenhado pela agressão primária e pela exigência por parte<br />
do bebê de um objeto capaz de sobreviver ao seu amor cruel ( Cf.<br />
ABRAM, J. 2000, 84 )<br />
Com relação a este último aspecto, cabe retomar a advertência primeira — a<br />
motivação inicial de qualquer gesto que pareça agressivo é apenas a tendência ao<br />
movimento, o encaminhar-se para a distinção eu - não eu. Para que isto não se<br />
torne um embate, onde o movimento acaba por expressar-se de maneira<br />
violentamente vigorosa, adverte Massih — num específico cuidado que poucos têm<br />
com o texto Winnicottiano — que tal necessidade de movimento para estabelecer a<br />
diferenciação com o outro, assemelha-se efetivamente a ataques agressivos e estes<br />
precisam ser permitidos para que a inscrição do infante do mundo se realize. “Para<br />
que isto ocorra, a mãe ou o ambiente que cuida da criança deve sobreviver a seus<br />
ataques de raiva no sentido de não retaliar, não retirar o afeto e tampouco castigar<br />
de modo excessivo” (MASSIH, 2006, p. 8).<br />
Para considerar devidamente a associação entre criatividade e agressividade,<br />
tomemos os referidos passos do percurso como bússola suficiente ao trajeto.<br />
3.1 CRIATIVIDADE COMO PREMISSA<br />
O seio é constantemente vivido pelo bebê como objeto que se apresenta para<br />
a satisfação imediata de suas necessidades ou por ordem da expressa necessidade<br />
ou pela sua capacidade de amar o que lhe advém como suporte necessário (Cf.<br />
WINNICOTT, 1978, p.402 ), mas para que tal aconteça é preciso que a mãe esteja<br />
presente a cada momento de criação (Cf. WINNICOTT, 1994, p.89-90 ),<br />
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