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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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esta é apenas uma forma de declarar, como se pode depreender do que se disse<br />

até aqui, que no modo ingênuo do cômico não há qualquer técnica. A ingenuidade é<br />

seu fator e seu teor e ele sequer existiria se lhe fosse atribuído qualquer propósito<br />

senão a espontaneidade derivada da ausência de inibição, senão torna-se somente<br />

impudicícia (Cf. OC, p.208), segundo o rigor freudiano.<br />

Para falar, então, de técnica na produção cômica só resta expor e detalhar do<br />

que se trata a comicidade propriamente dita e, genericamente, suas facetas mais<br />

expontâneas e visíveis. Alertou-se antes que a generalidade seria preferível à<br />

minuciosa especificação, já que esta se nutre de nuanças que é despropositado<br />

enumerar e muito menos descrever.<br />

Todas as técnicas do cômico propriamente dito, podem também seguir a<br />

propósitos agressivos ou sexuais, mas este não é o sentido essencial do cômico<br />

espontâneo. O elemento básico do cômico é, de fato, a comparação e somente ela.<br />

Rimos de alguém por nos compararmos a ela naquela situação, de certa forma<br />

assegurados que não agiríamos assim.<br />

Tomando por base este elemento, distinguem-se três fontes primárias para o<br />

fenômeno da comicidade, como veremos a seguir.<br />

— Relação com o outro: cômico de movimento e pensamento<br />

A comparação, onde se funda e erige todo o cômico neste caso, situa-se em<br />

dois campos: o das atividades motoras e mentais. Assim podemos distinguir duas<br />

modalidades básicas, fundamentadas em parâmetros comparativos.<br />

O cômico de movimento (pantomima) resulta de uma comparação entre o<br />

dispêndio de energia para a realização de um determinado ato motor. Nos<br />

movimentos realizados pela pessoa que age comicamente, “verificamos uma<br />

desnecessária despesa que pouparíamos se estivéssemos executando a mesma<br />

atividade” (OC, p.216).<br />

No caso da comicidade residir nas operações mentais — o cômico de<br />

pensamento ou de ideação (Cf. OC, p.218) — trata-se, igualmente, do resultado<br />

comparativo entre o espectador e “eu” que observa, e o produtor do cômico. Só que<br />

a base de comparação é totalmente diversa daquela que regula as atividades<br />

motoras. Assim, no caso do cômico do movimento:<br />

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