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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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número de ocorrências incidindo como se procurou apontar sobre o primeiro<br />

aspecto.<br />

É óbvio que dentre os psicanalistas, apenas um concorda plenamente com<br />

ele: Sigmund Freud. É óbvio?! Não, mas deveria sê-lo para quem se deu, como ele,<br />

ao trabalho de ler Freud.<br />

De fato, se as invectivas de Millôr contra a psicanálise são muito<br />

contundentes, como se disse desde o início, são também muito apropriadas, quando<br />

se trata do que fizeram a maioria dos psicanalistas com a proposta freudiana, ao não<br />

trilhar palmo a palmo ser percurso e apropriar-se dela aos punhados que mal lhes<br />

cabe nas mãos e, o que é pior, manufaturando outros sentidos segundo uma<br />

originalidade duvidosa, ditada por intempestividades que só a precária avaliação<br />

sustenta (Cf. MIJOLLA, 1985, p.88).<br />

Qualquer um que se der ao trabalho de enfrentar a copiosa produção<br />

freudiana, feita de livros, artigos e cartas, para devidamente apreciar suas<br />

concepções — o que, para qualquer um que se atribua o título de psicanalista é<br />

tarefa fundamental, ou pelo menos assim seria, caso fosse sincero com suas<br />

propostas — verá que a imensa maioria do que se disse calcado nela é sumário,<br />

precário e, não poucas vezes, aleatório e descontextualizado.<br />

Esse fruto da superficialidade cômoda é vastamente colhido por ditos<br />

seguidores, revisores, ampliadores e contestadores de Freud, sendo muito difícil<br />

distinguir uns de outros, dada sua comum parcialidade, senão quando eles se<br />

autodenominam assim ou assado. É uma verdadeira salada de frutos da mesma<br />

árvore.<br />

Por isto é surpreendente encontrar Freud como avalista das críticas de Millôr<br />

à psicanálise. Ele, Freud, contudo, sabia que os elementos com os quais lidava, não<br />

eram passíveis da mensuração que as ciências naturais exigiam, e acreditava que<br />

assim permaneceriam. Sua pretensão científica visava afastar-se dos arroubos<br />

filosóficos ou até religiosos que suas investigações poderiam adquirir (o que de fato,<br />

contra ele, aconteceu). Sua proposta é clara: não pretende que a psicanálise seja<br />

mais um sistema filosófico dentre os outros ou uma crença apenas contrastante com<br />

as já existentes. Mas o valor da psicanálise para os diversos campos do saber e<br />

fazer humanos, para ele é o mais importante. E tanto, que escreve a Jung, em 5 de<br />

julho de 1910: “torno-me cada vez mais convencido do valor cultural da psicanálise e<br />

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