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atenção consciente" (OC, p.177). Em virtude disso, explica-se o fato de um chiste já<br />
ouvido não ter qualquer eficácia:<br />
Os chistes só produzem efeito integral no ouvinte se forem novidade para<br />
este, se eles chegam como uma surpresa. Essa característica dos chistes<br />
(que determina a brevidade de suas vidas e estimula sua constante<br />
renovação) deve-se evidentemente ao fato de que a própria natureza do ato<br />
de surpreender alguém ou pegá-lo desprevenido implica em que não se<br />
possa ter êxito uma segunda vez (OC, p.178).<br />
Finalmente, quando tudo funciona, uma restrição na terceira pessoa é<br />
suspensa e ela obtém prazer, o qual "é adquirido com muito pequena despesa de<br />
sua parte [...]. Devido à introdução da idéia proscrita através da percepção auditiva,<br />
a energia usada para a inibição torna-se agora subitamente supérflua, sendo pois<br />
suspensa e [...] descarregada pelo riso". (OC, p.173).<br />
A técnica dos chistes é, portanto, determinada por dois grupos de fatores:<br />
"aqueles que possibilitam a construção do chiste na primeira pessoa" e "aqueles que<br />
pretendem garantir ao chiste um efeito maximamente agradável na terceira pessoa".<br />
(OC, p.179).<br />
Resta, por último, estabelecer que<br />
um chiste, [...] é a mais social de todas as funções mentais que objetivam a<br />
produção do prazer. Convoca freqüentemente três pessoas e sua<br />
complementação requer a participação de alguém mais no processo mental<br />
iniciado. Está, portanto, preso à condição da inteligibilidade; pode utilizar<br />
apenas a possível distorção no inconsciente, através da condensação e do<br />
deslocamento, até o ponto em que possa ser reconstruído pela<br />
compreensão da terceira pessoa. (OC, p.204).<br />
Tal asserção parece apontar para o uso dos sonhos como modelo de<br />
compreensão de tudo que, no homem, compõe sua natureza ímpar — já que<br />
ocorrem inteiramente no íntimo de cada um em sua feitura e efeitos —, ao passo<br />
que os chistes são o modelo adequado à compreensão de sua relação com seus<br />
pares no seio da Cultura, na medida em que requerem um ouvinte contextualmente<br />
apropriado para completarem sua trajetória rumo ao alvo: o prazer(Cf.OC,p.204-205)<br />
No mecanismo dos chistes ditos tendenciosos, forma última que todas as<br />
outras contêm, encontra-se traçada a via pela qual os processos inconscientes<br />
operam na língua. Assim é que um impulso, submetido a repressão de intensidade<br />
cambiante, se aninha, por deslocamento, numa trama verbal submetida a restrições<br />
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