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vida mental empregam-no para seus próprios fins. O chiste [...] põe-se<br />
secundariamente em relação com propósitos dos quais nada do que toma forma na<br />
mente pode escapar (OC, p.156).<br />
Submetido à sofreguidão dos impulsos reprimidos por encontrar vias de<br />
acesso à descarga, o chiste inocente cumpre agora duas funções: derivar prazer do<br />
jogo verbal e utilizar esse prazer para embotar a censura, possibilitando a<br />
emergência de conteúdos objetáveis:<br />
O pensamento procura envolver-se em um chiste pois esta é uma forma de<br />
recomendar-se à nossa atenção e parecer mais importante e mais valioso,<br />
mas acima de tudo porque esse invólucro suborna nossos poderes de<br />
crítica e os confunde (OC, p.155).<br />
O prazer derivado do tratamento lúdico dado às palavras e aos pensamentos<br />
funciona como uma espécie de suborno ou, no dizer de Freud, "bonificação de<br />
incentivo" (OC,p.160). Por seu intermédio, oferta-se à consciência um prazer<br />
preliminar, oriundo de conteúdo menos objetável, que mina-lhe as resistências Esse<br />
truque revela-se muito importante na medida em que a consciência não erige<br />
grandes obstáculos ao conteúdo próprio a estes chistes. De fato, por isso eles são<br />
chamados “inocentes”.<br />
Nesse sentido, o jogo verbal e conceitual operado pela técnica dos chistes,<br />
funciona como prazer preliminar que, reduzindo a vigilância da censura de forma a<br />
que esta não se aperceba do material reprimido que se aninha em sua textura,<br />
permite a consecução de um prazer oriundo de fontes francamente objetáveis. A<br />
inibição burlada torna-se inútil e sua energia, economizada, converte-se em riso.<br />
Não se pode subestimar contudo, a agudeza da censura. Nem todo material<br />
reprimido atinge a consciência pela via do chiste: “a presença de numerosos<br />
impulsos inibidos, cuja supressão reteve certo grau de instabilidade fornecerá a<br />
disposição mais favorável à produção de chistes tendenciosos” (OC, p.166).<br />
Assim, a censura só se deixa ludibriar onde seus instrumentos não lograram<br />
plena eficácia ou atuam, momentaneamente, abaixo de sua competência. Eis o que<br />
justifica o dinamismo e a topologia do chiste, no que concerne à sua produção,<br />
assim descritos por Freud: “um pensamento pré-consciente é abandonado por um<br />
momento à revisão do inconsciente, e o resultado disso é imediatamente capturado<br />
pela percepção consciente” (OC, p.190).<br />
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