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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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Vamos, segundo as indicações apresentadas, tentar distinguir então a fábula<br />

de seus pares: o apólogo e a parábola.<br />

Há quem as distinga pelas personagens: o apólogo seria protagonizado por<br />

objetos inanimados (plantas, pedras, rios, relógios, moedas, estátuas, etc.),<br />

ao passo que a fábula conteria de preferência animais irracionais, e a<br />

parábola, seres humanos (IBIDEM, p.34).<br />

Estando assim muito bem definidos cada um dos termos e estabelecidos os<br />

critérios que os distinguem, resta apenas um comentário casual, para fins de<br />

arremate: “modernamente, La Fontaine destaca-se como o mais importante dos<br />

fabulistas: suas histórias, dadas a lume entre 1668 e 1694, foram largamente<br />

traduzidas, aplaudidas e imitadas” (IBIDEM, p.226).<br />

Devidamente esclarecidos os âmbitos da fábula, do apólogo e da parábola e<br />

dado o merecido destaque a La Fontaine por suas histórias, tudo estaria no seu<br />

devido lugar, não fosse um pequeno porém. Pois, La Fontaine, afirma:<br />

Sendo tais fábulas conhecidas de todos, eu nada teria feito de mal se as<br />

tornasse novas por alguns traços que melhorassem o gosto. É o que hoje se<br />

pede: quer-se novidade e a graça. Eu não chamo de graça o que excita o<br />

riso, mas um certo encanto, um ar agradável que se pode dar a todos os<br />

assuntos até aos mais sérios (1970, p.19).<br />

Uma pergunta, interrompendo o fluxo da contradição: um ar mais agradável<br />

que se pode dar até aos assuntos mais sérios não excita o riso? Não é isto que faz o<br />

Humor? Mas isto não é assunto para agora.<br />

Pelo menos restam as especificidades da fábula, do apólogo e da parábola<br />

com os asseguramentos já obtidos. Entretanto, La Fontaine nem com isso concorda<br />

e toma a palavra outra vez:<br />

O apólogo é composto de duas partes, das quais uma pode chamar-se<br />

corpo, a outra a alma. O corpo é a fábula; a alma, é a moralidade.<br />

Aristóteles só admite na fábula os animais; ele exclui o homem e as plantas.<br />

Esta regra é menos de necessidade que de conveniência, porque nem<br />

Esopo, nem Fedro, nem nenhum dos fabulistas a cumpriu. Quanto à<br />

moralidade, ao contrário, nenhum deles a dispensou. Se a mim me cabe<br />

fazer, é apenas nos caminhos em que ela não pode penetrar com graça, e<br />

onde é fácil ao leitor supri-la [...]. Acreditei que não fosse um crime ir além<br />

dos antigos costumes, quando não pudesse pô-los em uso, sem ofendê-los<br />

(IBIDEM, p.21).<br />

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