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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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Quando tudo funciona adequadamente, as restrições do receptor à matéria<br />

conceptual do chiste são burladas e, em seguida, suspensas. As forças restritivas,<br />

agora obsoletas, convertem-se em prazer na forma de riso. Assim, o riso do outro é<br />

o indício confiável de que o processo foi exitoso e, neste caso, se consuma,<br />

facultando ao produtor do chiste a mesma forma de prazer conferida ao receptor.<br />

No trajeto que vai da concepção à consecução do chiste, os jogos verbais e<br />

ideativos revelaram sua obstinada presença e importância. O chiste é uma atividade<br />

lúdica que tem por fim último o esquivar-se das restrições da censura que age sob a<br />

tutela da razão e do juízo crítico, instâncias, a seu turno, submetidas às leis da<br />

cultura.<br />

Por fim, é preciso frisar mais uma vez que o chiste constitui um processo<br />

triádico que envolve o produtor, o objeto e o ouvinte. Sem a precisa articulação<br />

destes três elementos ele fracassa em seus intentos.<br />

2.3 CÔMICO<br />

Se, no processo de elaboração e fruição de chiste, são necessárias a<br />

presença e a precisa articulação de três pessoas (ou melhor, elementos) o<br />

procedimento cômico “pode contentar-se com duas pessoas: a primeira que<br />

constata o cômico e a segunda, em quem se constata. A terceira pessoa, a quem se<br />

conta a coisa cômica, intensifica o processo, mas nada lhe acrescenta” (OC, p.207).<br />

No chiste, a terceira pessoa é indispensável e a segunda, pelo contrário,<br />

ocupa o lugar de objeto dos impulsos que o chiste traz à tona, mas não precisa estar<br />

presente na execução do comentário chistoso. Nota-se, já nesta arquitetura, a<br />

diferença e a distância que separa um processo do outro.<br />

Mas há uma distinção mais radical entre ambos:<br />

Achamo-nos obrigados a localizar no inconsciente o prazer dos chistes; não<br />

há razão semelhante para fazer a mesma localização no caso do cômico.<br />

Pelo contrário, todas as análises que fizemos até aqui indicam que a fonte<br />

do prazer cômico é a comparação entre duas despesas, que atribuímos<br />

ambas, ao pré-consciente. Os chistes e o cômico distinguem-se<br />

principalmente em sua localização psíquica; pode-se dizer que o chiste é a<br />

contribuição feita ao cômico pelo domínio do inconsciente (OC, p.207).<br />

Por outro lado, o cômico freqüentemente serve como fachada aos chiste,<br />

substituindo o prazer preliminar ou seja ofertando uma “bonificação de incentivo”<br />

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