Amigos Leitores - Intervenção urbana
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LUTAS DE "MINORIAS" E POLÍTICA DO DESEJO<br />
Maurizio Lazzarato<br />
Desde 68 a "CLASSE OPERÁRIA" está minada por um duplo processo de<br />
"dissolução", tanto como sujeito produtivo quanto como modelo de<br />
subjetivação dos conflitos no capitalismo. Com efeito, as lutas de minorias<br />
(mulheres, homossexuais, imigrantes), que se desenvolveram desde então,<br />
são portadoras não somente de conteúdos novos, mas também de relações<br />
diferentes de subjetivação e inéditas para com o Estado e as instituições.<br />
De acordo com Deleuze & Guattari, que dão a definição mais rigorosa, as<br />
minorias e as maiorias não se definem pelo número, porque uma minoria<br />
(as mulheres) pode ser mais numerosa que uma maioria (os homens). "O<br />
que define a maioria é um modelo ao qual é necessário que se esteja em<br />
conformidade." Enquanto uma minoria não tem modelos, é uma evolução,<br />
um processo. Quando uma minoria cria modelos, é porque quer ficar<br />
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majoritária ou é forçada a se dotar de um "modelo" necessário à sua<br />
sobrevivência (para ser reconhecida, impor os seus direitos, ter um<br />
estatuto).<br />
As lutas dos imigrantes, de mulheres e de homossexuais se organizam em<br />
torno de uma "dupla injunção": a recusa do "padrão majoritário" que define<br />
a identidade política, sexual, cultural, produtiva na sociedade capitalista e a<br />
necessidade a ser reconhecido por este mesmo modelo, e por conseguinte<br />
"se nomear", se dar uma identidade (mesmo "minoritária"). Estas minorias,<br />
ao produzir novas relações sociais, novas formas de vida, novas<br />
sensibilidades, se engajam em estratégias de "separação" e de "negociação"<br />
que são, alternativa ou simultaneamente, colocadas em funcionamento no<br />
que diz respeito ao Estado e as instituições. Em todos os casos, elas colocam<br />
o problema da relação entre luta, subjetividade e instituições<br />
diferentemente do modo como o movimento operário tradicionalmente o<br />
faz.<br />
A novidade radical da luta dos "desempregados" reside talvez no fato que<br />
ela tem todas as características (e as estratégias) das lutas minoritárias, mas<br />
sobre o terreno do rendimento (do salário social).<br />
Essas lutas se abrem para processos de subjetivação imprevisíveis<br />
A estratégia que consiste em assumir uma "identidade" subjugada para<br />
superá-la por "processos" de subjetivação imprevisíveis, é uma<br />
característica comum de todas as lutas minoritárias. Outrora também os