10.06.2013 Views

Amigos Leitores - Intervenção urbana

Amigos Leitores - Intervenção urbana

Amigos Leitores - Intervenção urbana

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

certo sentido, um a mais na totalidade. Trata-se aqui justamente do<br />

problema referido na nota 1. O sistema é aqui pensado, então, como um<br />

evento real e integral que é um fato da existência, da linguagem e do<br />

pensamento.<br />

5. É freqüente que encontremos, no seio do movimento feminista ou na<br />

abordagem da questão de gênero na literatura, uma tentativa de contrapor<br />

à tradição patriarcal uma natureza mulher, como a que encontramos na tese<br />

do Matrismo, período anterior à divisão patriarcal de poderes, que pretende<br />

resgatar uma natureza mulher anterior ao sistema de gêneros ou na<br />

apresentação de um princípio fêmea biológico, a tese de que os fetos<br />

seriam, todos, em princípio, femininos (cf. Badinter, E.). Essa operação,<br />

contudo, nos põe em face de uma transposição de um universo lingüístico,<br />

valorativo e classificatório que é justo a característica central do "sistema"<br />

transposta de modo inteiramente arbitrário para um universo marcado pela<br />

diferença, ou seja, pensa a partir do sistema - porque o feminino como<br />

princípio exige, como todo princípio, a complementaridade - para explicar<br />

relações que seriam exatamente da ordem da ausência do sistema, ou seja,<br />

da ordem da diferença, fazendo, assim, uma verdadeira metafísica do<br />

feminino. Perguntamo-nos, aqui, inclusive, não só pela validade de tal<br />

procedimento mas, também, pelo sentido da reivindicação de um "princípio<br />

Mulher"(cf. Morace, Sara), na medida em que a reivindicação do primado do<br />

feminino só inverte a ordem na hierarquia do sistema, reproduzindo o<br />

horror à diferença que todo sistema classificatório traduz e implica<br />

necessariamente.<br />

6. É evidente que a configuração do sistema de gêneros sofreu inúmeras<br />

alterações históricas - inclusive quanto ao aceitável e o inaceitável - ele<br />

observou, assim, quanto à norma e ao "desvio", várias formas possíveis ao<br />

longo da história humana. Entre os gregos, por exemplo, o sistema de<br />

gêneros não implicava homofobia, antes valorava positivamente, em função<br />

204<br />

da absoluta misoginia, as relações entre "iguais". É absolutamente<br />

intraduzível nos limites destas teses e mesmo de uma extensa pesquisa<br />

antropológica a explicitação dessa multiplicidade de variações.<br />

Fonte : Rede Anti-Capitalista de Belo Horizonte (http://riseup.net/rabh/).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!