12. Judith Butler, Gender Trouble, New York, Routledge, 1990. 13. Judith Halberstam, Female Masculinity, Durham, Duke University Press, 1998. 14. Marie-Hélène Bourcier, Queer Zones, politiques des identités sexuelles, des représentations et des savoirs, Paris, Balland, 2001. 15. Gloria Andalzua, Borderlands/La Frontera : The New Mestiza, San Francisco, Spinster/Aunt Lutte, 1987. 16. Gloria Hull, Bell Scott and Barbara Smith, All the Women Are White, All the Black Are Men, But Some of Us Are Brave : Black Women's Studies, New York, Feminist Press, 1982. Tradução de Ricardo Rosas a partir da versão espanhola do francês por "el bollo loco". Fonte: Multitudes (http://multitudes.samizdat.net/). 116
FEEDBACK E CIBERNÉTICA: REIMAGINANDO O CORPO NA ERA DO CIBORG (Parte 1)* David Thomas Palavras possuem força aterradora (Colin Cherry, 1980: 68) O "ciborg", ou "organismo cibernético", representa uma visão radical do que significa ser um humano no mundo ocidental no fim do século XX. Embora a palavra tenha uma origem oficial datada de 1964, quando foi concebida para descrever uma união especial de organismo humano e sistema de máquina, pela última década tem ganho uma certa notoriedade tanto na cultura de filmes populares quanto em círculos acadêmicos especializados. Filmes como Blade Runner (1982), a trilogia Alien, a série O Exterminador do Futuro (Terminator - 1984, 1991), a série Robocop (1987, 1990) e o clássico cult britânico Hardware (1990) apresentam uma visão do ciborg que vai do modelo da pura máquina militar ao modelo do humano, esculpido geneticamente. Trata-se de modelos e simulações geralmente designados para funcionar em mundo hostis, distópicos e futuristas, governados por vários tipos de atividades corporativas ou militares/industriais renegadas, ou pelas conseqüências dessas atividades. De resto modelos de protociborgs benignos podem ser encontrados sob forma de esboço, ainda que menos imaginária mas não menos militarizada, nas revisões da idéia masculinidade exploradas no contexto da mudança de ênfase do programa espacial americano que figura no teste de piloto para astronauta apresentada no best-seller - e no filme nele baseado - de Tom Wolfe, The Right Stuff (1979). Por outro lado, modelos de ciborgs alternativos têm sido explorados numa veia mais especulativa, e de um ponto de vista acadêmico mais fechado, ainda que de uma ótica de oposição, na meditação seminal de Donna 117 Haraway, "A cyborg Manifesto: Science, Technology, and Socialist-Feminism in the Late Twentieth Century". O sucesso dos filmes de ciborg e a influência do manifesto de Haraway sobre o tema sugerem que esta palavra tem funcionado de algum modo através do anos 80 como uma palavra-chave, no sentido de Raymond William. Isto é, "palavras significantemente limitadoras em certas atividades e suas interpretações" (Williams, 1983:15)(1). Existem, porém, várias outras palavras que pavimentaram o caminho para falarmos no "ciborg" e seu modo "híbrido" específico de reimaginar o corpo humano sob o signo da máquina. Dentre essas palavras, algumas das quais existiram durante décadas, outras por vários séculos, incluem-se "autômato", "automação" e "automático", "andróide" e "robô"; outras, como "biônico", apareceram por volta da mesma época em que o termo "ciborg" foi concebido. Mais tarde, apresentaram-nos uma outra palavra, ciberespaço, também conhecida como "realidade virtual", que já começara a circular nos discursos populares e acadêmicos sobre o futuro do corpo humano, freqüentemente na companhia da palavra "ciborg" ou suas imagens. Seja com o disfarce de "ciberespaço", uma palavra inicialmente concebida por William Gibson em seu premiado romance de ficção cientifica, Neuromancer (1984), ou sob a forma de "realidade virtual", a idéia de um novo modo digital computadorizado articulando e, sem dúvida, reimaginando o corpo humano tem sido explorado em romances, incluindo Count Zero (1986) e Mona Lisa Overdrive (1988), ambos do próprio Gibson; filmes (como Brainstorm [1983] e The Lawnmover Man [1992]); bem como numa grande quantidade de textos acadêmicos e populares (2). Por isso, não é difícil de imaginar que palavras como "autômato", "automação", "automático", "robô", "biônico", "ciborg" e "ciberespaço" podem constituir um ajuntamento williamsiano de palavras-chave, na
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