Amigos Leitores - Intervenção urbana
Amigos Leitores - Intervenção urbana
Amigos Leitores - Intervenção urbana
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
TEORIA QUEER<br />
Jackie Susann<br />
Teoria queer é o discurso acadêmico que substituiu em grande parte o que<br />
costumava ser chamado de estudos gays e lésbicos. O termo foi cunhado<br />
por Teresa de Laurentis para "uma conferência de trabalho para teorizar as<br />
sexualidades gays e lésbicas que foi realizada na Universidade da Califórnia<br />
em Santa Cruz em fevereiro de 1990". A palavra queer desde então tem se<br />
tornado mais ou menos sinônimo de gay e lésbica (ou talvez apenas homens<br />
gays) mas ao mesmo tempo uma das principais vantagens vistas nela foi seu<br />
caráter inclusivo: queer abrangia homens gays, lésbicas, bissexuais,<br />
transsexuais, sadomasoquistas e uma lista potencialmente infinita de outros<br />
tipos de alguma forma marginalizados por sua sexualidade.<br />
A teoria queer é baseada em boa parte na obra de Michel Foucault, um<br />
filósofo francês com um vigoroso pendor para uma variada série de drogas e<br />
sexo gay anônimo, especialmente S/M, em particular com sua História da<br />
Sexualidade I : A Vontade de Saber. A tese de Foucault (simplificando<br />
bastante) é de que nossas idéias sobre sexualidade são uma construção<br />
absolutamente moderna (ele a remonta a 1870, se recordo corretamente).<br />
Antes disso, não havia coisas tipo, digamos, homossexual. Havia apenas a<br />
192<br />
sodomia, um tipo particular de pecado que qualquer um, potencialmente,<br />
poderia experienciar. Mas no final dos anos 1870, o “homossexual” foi<br />
inventado, alguém cuja vida era definida em torno dos atos sexuais dos<br />
quais participava. Conseqüentemente, este tipo de categorização se<br />
espalhou até que a vida de todo mundo fosse definida por sua sexualidade.<br />
A coisa interessante sobre a análise de Foucault da invenção dos<br />
homossexuais é de que ela permite, pela primeira vez, um “discurso<br />
inverso”: homossexuais poderiam começar a defender seus interesses<br />
usando as mesmas categorias e terminologia que tinham sido usadas para<br />
marginalizá-los. Embora essa categoria “homossexual” servisse para oprimir<br />
aqueles que ela rotulava, também os fez verem a si mesmos como um grupo<br />
definível com interesses comuns pelos quais se poderia lutar e defender.<br />
O próprio Foucault não foi um teórico queer per se (ele uma vez alegou que<br />
sua obra não tinha nada a ver com a liberação gay) mas suas teses são, de<br />
modo geral, fundamentais na área. Elas são recapituladas, por exemplo, por<br />
duas das talvez mais proeminentes e significativas teóricas queer, Eve<br />
Kosofky Sedgwick e Judith Butler.<br />
A reputação de Sedgwick foi estabelecida com seu livro Epistemology of the<br />
Closet, que consiste principalmente em leituras desconstrutivas de textos<br />
canônicos para descobrir a fluidez da distinção entre relações homossociais<br />
e homossexuais. Ela argumenta que esta distinção<br />
homossocial/homossexual é fundamental para a cultura ocidental, e diz que<br />
qualquer análise de qualquer aspecto de nossa sociedade que não leve isto<br />
em conta é fundamentalmente falha.<br />
Judith Butler é mais famosa por uma série de livros (incluindo Gender<br />
trouble e Bodies That Matter) nos quais ela argumenta que o gênero é<br />
“performativo”, querendo dizer que os sexos não têm nenhuma validade<br />
intrínseca (“ontológica”), que o gênero não é uma parte natural de uma