Amigos Leitores - Intervenção urbana
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FEEDBACK E CIBERNÉTICA: REIMAGINANDO O CORPO NA ERA DO<br />
CIBORG (Parte 2)*<br />
David Thomas<br />
Por outro lado, não havia garantias de que a adoção de uma dada metáfora<br />
ou analogia conduziria automaticamente a uma revolução no pensamento e<br />
na percepção humana. Se feedback e informação pudessem fornecer um<br />
quadro comum de referência, então essa correspondência poderia ter sido<br />
obtida através de uma simplificação das complexidades existentes de<br />
maneira radical e, em última instância, destrutiva. Como Hebert A. Simon<br />
apontou, "metáfora e analogia podem ser úteis ou podem ser enganosas.<br />
Tudo depende se as similaridades capturadas pela metáfora são<br />
significativas ou superficiais" (Simon, 1981:193). Além disso, Colin Cherry,<br />
outra liderança no campo da teoria das comunicações, sugeriu, em sua<br />
crítica à analogia cérebro/computador e a outras analogias similares<br />
(Cherry, 1980:301-4), que o uso proveitoso de analogias é também<br />
determinado por um foco apropriado e por um limiar de visionalização. Uma<br />
analogia ou metáfora que é empurrada para muito longe poderia mostrar-se<br />
tão prejudicial quanto falsa ou, pelo menos, como uma analogia superficial.<br />
Na verdade, o último feito do sistema analógico cibernético baseou-se no<br />
ponto de vista adotado em consideração à estrutura mecânica. Cherry<br />
argumentou, por exemplo, que "os primeiros inventos foram muito<br />
estorvados pela inabilidade em dissociar estruturas mecânicas da forma<br />
animal" (Cherry, 1980:59). Desse modo, no caso do cérebro, "não é a<br />
máquina que é mecanicamente análoga ao cérebro, mas antes a operação<br />
da máquina aliada às instruções dadas a ela" (Cherry, 1980:57). O que<br />
estava em questão, como Cherry notou com aprovação em conexão com o<br />
uso do pensamento analógico por Wiener, era uma distinção fundamental<br />
entre analogias e mimeses funcionais (Cherry, 1980:57,58). Trata-se de uma<br />
127<br />
distinção que foi formatada quando o "mais recente estudo do autômato"<br />
foi reduzido a um "ramo das engenharias da comunicação" (Wiener,<br />
1948b:15). Dessa forma, as objeções cherrynianas às extensões populares<br />
da analogia entre cérebro e computador (com sua propensão a privilegiar<br />
modelos animísticos), assim como os esforços que, de sua parte,<br />
obscureceram e simplificaram o trabalho do cérebro (dando margem a<br />
pseudo-questões matriciais, como a de se "uma máquina pode pensar?"<br />
[Cherry, 1980:246] ), foram produto de uma perspectiva disciplinar<br />
particular, que procurava livrar a prática científica dos resíduos<br />
antropomórficos.<br />
Os poderes de ligação de metáforas e analogias poderiam, como essas<br />
críticas sugerem, trabalhar pois em ambas as direções. Elas poderiam criar<br />
campos para a investigação ou poderiam apenas freiá-la, através da<br />
sedução, da magia projetada pelas imagens ou relações simples, claras e<br />
elegantes, como no caso daquela do computador como mente mas também<br />
daquela que vê a mente como analogia do computador.<br />
Ampliando a extensão do campo das investigações sob o aspecto semântico,<br />
a cibernética não funcionou apenas como uma palavra-chave, no sentido<br />
dado ao termo por Williams: ela também serviu como um poderoso<br />
feedback "espaço-temporal" (13), que pôde operar entre o corpo humano e<br />
o mundo das máquinas. O comércio de idéias através dessa espécie de<br />
cronotopia foi facilitado pelo uso de um grupo de palavras técnicas, que<br />
mapearam uma arquitetura de comunicação dentro, através e por meio dos<br />
mundos das máquinas e dos organismos vivos. Por exemplo, se a<br />
homeostase regulava um ambiente cibernético interno, então o feedback<br />
regulava o relacionamento entre ambientes 'internos' e 'externos' (Simon,<br />
1981:9) de acordo com um conceito de informação concebido simplesmente<br />
como "um nome para o conteúdo do que é trocado com o mundo externo,