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Amigos Leitores - Intervenção urbana

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Eis como se explica a tese da "camaradagem amorosa" do ponto-de-vista da<br />

ética stirneriana.<br />

Perguntar-se-á se admito que se imponha o rompimento em matéria<br />

sentimental ou amorosa. Em verdade, fora do mútuo consentimento,<br />

concebo o rompimento somente no caso de que um dos dois amantes<br />

queira impedir seu companheiro ou companheira de ter afeição por outro<br />

ou outra, que não seja ele ou ela, sem querer por isso afastar-se, deixá-lo ou<br />

abandoná-lo. Este entrave, que pode manifestar-se em forma de ameaça de<br />

separação, aparece-me como um ato de autoridade, de arquismo,<br />

justificando, ampla e simplesmente, o rompimento.(5)<br />

A "camaradagem amorosa", tal como a entendemos, admite também o<br />

casal, a família, a coabitação a dois ou mais (formas que podem ser do<br />

agrado de individualistas anarquistas, porque o seu egoísmo encontra nelas<br />

satisfação), visto que, única ou plural, concebe muito bem um centro afetivo<br />

e amores secundários, duradouros ou passageiros, evoluindo à margem<br />

deste centro.<br />

Tampouco pretendemos que todos os individualistas anarquistas ou<br />

stirnerianos estejam aptos a conceber praticamente a nossa tese da<br />

"camaradagem amorosa", e admitimos de bom grado que o ponto de vista<br />

que estamos desenvolvendo não se revele eficaz senão em unidades ou<br />

associações limitadas em número. Razão a mais para advertirmos os que<br />

têm a coragem de proclamar a sua adesão a estas teses, de que, no caso de<br />

fracasso, ataque ou qualquer outro obstáculo, podem contar com o apoio<br />

dos seus camaradas partidários da liberdade de experiência em todos os<br />

domínios. Acrescento que por certos sinais me parece que a porção<br />

consciente e inteligente da humanidade se dirige para uma concepção de<br />

relações sexo-sentimentais muito parecida àquela a que sempre expusemos.<br />

11<br />

Não devem deixar de ter isto em conta aqueles que trabalham pelo advento<br />

duma sociedade anarquista.<br />

***<br />

1 - Uma associação de camaradagem amorosa é uma cooperativa de<br />

produção e de consumo no terreno do amor. Numa cooperativa agrícola se<br />

produzem e se consomem artigos agrícolas. Numa cooperativa de calçado se<br />

produz e se consome calçado. Numa cooperativa de camaradagem amorosa<br />

se produz e se consome amor em camaradagem. Produtores e<br />

consumidores fazem parte da cooperativa para extrair dela os benefícios<br />

esperados, compreendendo-se que hão de passar pelos riscos de<br />

desvantagens eventuais. Claro que se não tivessem encontrado mais<br />

vantagens na cooperação teriam permanecido isolados. E compreende-se<br />

que de uma cooperativa individualista possa quem quer que seja retirar-se<br />

de acordo com regras previamente convencionadas. Posto isto, não<br />

aceitamos do cooperador, enquanto o é, salvo no caso de força maior,<br />

recusa de produção ou abstenção de consumo. Não aceitamos que se<br />

encaixem os benefícios, se desta maneira se evita o tributo. No caso que nos<br />

ocupa, o princípio da "reciprocidade" tem sobre "a lei do coração" a<br />

vantagem de equilibrar a produção e o consumo, de suprimir o privilegiado<br />

pela aparência, o privilégio do "moço bonitão", ou da coquete,<br />

monopolizadores sentimentais ou eróticos; o monopólio do engraçadinho,<br />

da dengosa, dos "filhos de papai". Eis aqui porque somos partidários desta<br />

forma de associação individualista à base do acordo cooperativo, que<br />

designamos por "camaradagem amorosa".<br />

2 - Concebemos uma "cooperativa de produção e consumo de<br />

camaradagem amorosa" somente para uso dos que consideram as relações<br />

sexo-sentimentais mais no que concerne às relações mesmas, que<br />

relativamente aos produtores, tomados individualmente. De outro modo, é

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