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Amigos Leitores - Intervenção urbana

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puramente tecnológico (elementos de máquina, componentes eletrônicos,<br />

sistemas de imagens avançados). Claramente, sob tais circunstâncias, a<br />

tecnologia se torna o fator determinante na definição da rearticulação física<br />

do corpo e das fundações materiais para seu sentimento de identidade<br />

performativa. Embora os domínios tradicionais das diferenças corporais, tais<br />

como aquelas que são subsumidas sob as rubricas de etnicidade e gênero,<br />

ainda operem no caso do imaginário popular que cerca o ciborg (Springer,<br />

1991), a pessoa pode pensar, como fez Haraway, que estas diferenças<br />

poderiam vir a ser eclipsadas por um sistema tecnológico de semelhanças e<br />

diferenças. Em vez de descrever este corpo principalmente em termos de<br />

idade, etnia ou gênero, ou mesmo nos termos pós-étnicos ou pós-gênero de<br />

Haraway, uma descrição mais precisa todavia talvez será obtida tratando-se<br />

o corpo do ciborg como uma entidade tecnológica cujas características<br />

definitivas serão montadas de acordo com um sistema de tecnicidade<br />

(Tomas, 1989). Tratar-se-ía então de um sistema que não só teria que levar<br />

em conta a plasticidade e identidade da política do ciborg: também teria<br />

que responder por seus princípios operacionais, como esses de velocidade,<br />

manobra e força, assim como também por sua forma de participação,<br />

arraigado como ele está nas três categorias de adaptabilidade cibernética:<br />

comunicação, informação e feedback.<br />

Pós - face: A realidade virtual e o ciborg como construto totalmente<br />

informacional<br />

A evocação wieneriana do corpo humano como algo concebido em termos<br />

de pura informação serve para trazer à mente a tecnologia da realidade<br />

virtual e sua promessa de um espaço digital e global comum - um tipo de<br />

segunda atmosfera; e isso por mais que ela tenha sido modelada mais tarde<br />

pela consciência ampliada concebida por McLuhan, de acordo com o qual o<br />

corpo deveria ser encontrado na " forma espiritual de informação"<br />

(1964:67), ou na freqüentemente citada definição de ciberespaço dada por<br />

132<br />

Willian Gibson : uma "alucinação" consensual experimentada por "bilhões<br />

de operadores de computadores" (Gibson, 1984:51).<br />

A ponte entre a cibernética e seu paradigma de organismo-vivo-como-purainformação<br />

é a que une os mundos do ciborg e da realidade virtual. Fazendo<br />

assim, ela também serve como uma junção que marca importante divisão<br />

ou, mais precisamente, uma ramificação na história dos autômatos. Um<br />

caminho desta junção conduz em espaço exterior, enquanto a outra rota<br />

conduz a um tipo de meta-atmosfera, composta de informação pura,<br />

eletrônica e digitalizada. O corpo humano é, neste último contexto,<br />

reimaginado e redesenhado para ser um resíduo histórico inconseqüente,<br />

um tipo de quimera, ou boneco (Walser, 1991): enfim, uma imagem<br />

automatônica, que está sujeita à manipulação quase infinita. Assim "o<br />

trabalho básico da tecnologia do ciberespaço, além de simular um mundo,<br />

é, como notou um pesquisador, prover um feedback bem ajustado entre o<br />

patrão e pupilo, serve dar para dar ao patrão a ilusão de que ele está sendo<br />

literalmente encarnado pelo pupilo (i.e., o pupilo dá para o patrão um corpo<br />

virtual, e o patrão dá para o pupilo uma personalidade)" (Walser, 1991:35).<br />

Portanto não surpreende que, dada a possibilidade de um sentimento quase<br />

perfeitamente transparente de manipulação, que as possibilidades de<br />

"realidades virtuais serem consideradas por alguns como" tão ilimitados<br />

quanto as possibilidades de realidade" - uma distinção e conjunção que está<br />

fundada no poder potencial desta tecnologia em fornecer uma "porta de<br />

entrada a outros mundos" e que se baseia em uma " interface humana em<br />

vias de desaparecimento" (Fisher, 1991:109). Como estes comentários e<br />

aqueles sobre o papel do feedback na ligação entre o chefe humano e pupilo<br />

cibernético sugerem, a realidade virtual, é de fato, uma manifestação do<br />

derradeiro sonho dos ciberneticistas: um espaço puramente informacional,<br />

que pode ser povoado por uma hoste de construtos informacionais, para<br />

usar os termos mais precisos e menos antropomórficos de Gibson.

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