Amigos Leitores - Intervenção urbana
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individual - vendo-a como se ela pudesse ser independente de outras e até<br />
mesmo independente de eventos oposicionais que ocorrem no ambiente"<br />
(Heims, 1993,: 271-2). Traduzido em termos mcluhanianos, feedback era um<br />
portal privilegiado para uma consciência global eletronicamente coletiva<br />
(McLuhan, 1964,:64, 311), não só porque apagava as distinções entre<br />
máquinas automatizadas e organismos vivos, mas também porque marcava,<br />
de um ponto de vista das comunicações, "o fim da linearidade que chegou<br />
do mundo Ocidental com o alfabeto e as formas contínuas do espaço<br />
euclidiano" (McLuhan, 1964,: 307). Foi com base em tal lógica e visão de<br />
mundo que a cibernética e seu vocabulário auxiliar pôde disseminar a<br />
imagem de um tipo novo de corpo para um campo disciplinar mais<br />
abrangente e, mais adiante, para um público geral não-especializado.<br />
Na realidade, pode-se invocar a existência de uma analogia funcional entre<br />
máquina e organismo humano nos anos 40 e a influente concepção<br />
mcluhaniana de uma tecnologia que funcionaria como "uma extensão ou<br />
auto-mutilação de nossos corpos físicos", uma tecnologia que produziria "<br />
novos cálculos ou equilíbrios entre outros órgãos e extensões do corpo" dos<br />
ano 60 (McLuhan, 1964:54). Considerando que eram claramente baseadas<br />
em um modelo cibernético, as idéias desse último significaram um<br />
reconhecimento atrasado do fato de que o corpo humano já tinha sido<br />
irrevogavelmente transformado no contexto de cibernéticas. Entretanto a<br />
evocação de McLuhan de um sistema nervoso ampliado (1964:64) retém<br />
uma ressonância metafórica que está faltando no conceito cibernético de<br />
organismo como "enclave local no fluxo geral de entropia "crescente<br />
(Wiener, 1954,:95). Conseqüentemente não é de se admirar que pela época<br />
em que estas idéias alcançaram um público mais abrangente graças ao<br />
escritos de McLuhan a consciência houvesse, há muito tempo, assumido a<br />
forma radical de uma relação entre os sentidos (McLuhan, 1964,:67).<br />
Recordemos que o primeiro livro de Wiener, Cybernetic: or Control and<br />
Communication in the Animal and the Machine, tinha sido publicado em<br />
129<br />
1948, e seu relato mais popular da cibernética, The Human Use of Human<br />
Being, em 1950. Estes livros haviam proposto a um público geral que o<br />
corpo humano fosse reimaginado radicalmente, que sua identidade se<br />
tornasse uma organização singular e que sua inteligência fosse vista<br />
simplesmente como um entre muitos de tais padrões.<br />
Em 1962, dois anos antes da publicação de Understanding Media, a<br />
influente apresentação da mídia ao mundo do pós-guerra ocidental feita por<br />
McLuhan, e 14 anos depois da introdução da palavra cibernética, dois<br />
cientistas americanos introduziram uma importante alteração daquela<br />
palavra. Fizeram isso em prol da identificação de um novo tipo de interface<br />
entre homem e máquina, em prol de um novo tipo de "organismo". Desde<br />
aquele tempo, este organismo tem tido um poderoso apoio no modo como<br />
o corpo é imaginado, reimaginado e construído nos outros limites da<br />
ciência, da técnica e da indústria ocidentais, bem como nos limites<br />
exteriores de suas indústrias militares e aeroespaciais. Trata-se de uma<br />
influência que foi até mesmo ampliada para as especulações artísticas e<br />
intelectuais, baseadas ou não na universidade, sobre o futuro do corpo<br />
humano. Além disso, suspeitamos que este impacto fundamental do<br />
organismo na construção de um imaginário ocidental pode, ser identificado<br />
com o fato de que ele reintroduz a mimesis, sob uma forma antropomórfica,<br />
na história dos autômatos.<br />
Observemos que o neologismo ciborg (derivado de organismo cibernético)<br />
foi proposto por Manfred E. Clynes e Natthan S. Kline em 1960 para<br />
descrever "um sistema auto-regulado de relações homem-máquina" e, em<br />
particular, um "complexo organizacional e exógeno ampliado, que funciona<br />
inconscientemente como um sistema homeostático integrado" (Clynes e<br />
Kline, 1960:27). A densidade técnica da definição foi função da proposta de<br />
sua esfera de operações: isto é, a aplicação da teoria dos controles<br />
cibernéticos aos problemas das viagens espaciais enquanto fator influente