18.10.2013 Views

I Relatório Nacional de Atuações Coletivas da Defensoria Pública ...

I Relatório Nacional de Atuações Coletivas da Defensoria Pública ...

I Relatório Nacional de Atuações Coletivas da Defensoria Pública ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ENUNCIADOS CONCLUSIVOS À LUZ DO LEVANTAMENTO REALIZADO<br />

O. O levantamento mostra que o entendimento<br />

contrário à legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva <strong>da</strong> <strong>Defensoria</strong><br />

está na mais completa contramão do sistema<br />

brasileiro <strong>de</strong> tutela coletiva<br />

Quase encerrando, é possível, à vista <strong>de</strong> tudo que foi examinado, enunciar<br />

uma conclusão bastante abrangente acerca <strong>da</strong> controvérsia objeto <strong>de</strong>ste<br />

trabalho. Qual seja: o pensamento <strong>de</strong>sfavorável à legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva <strong>da</strong><br />

<strong>Defensoria</strong> <strong>Pública</strong> arrima-se em premissas individualistas, subjetivistas, formalistas<br />

e conceitualistas exatamente opostas às linhas mestras do sistema processual<br />

coletivo brasileiro.<br />

Chega a ser didático: caso se queira saber os princípios que informam a nossa<br />

tutela coletiva, basta atentar para o entendimento contrário à legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>Defensoria</strong>.<br />

E virar pelo avesso...<br />

Acima <strong>de</strong> tudo, o sistema coletivo brasileiro é amigo <strong>da</strong> abertura, <strong>da</strong> inclusão, <strong>da</strong><br />

cobertura ampla dos direitos. E os <strong>de</strong>tratores <strong>da</strong> legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva <strong>da</strong> <strong>Defensoria</strong><br />

<strong>de</strong>sfiam argumentos implacavelmente restritivos. Nesse sentido, contraria-se<br />

uma tendência mundial, no sentido <strong>da</strong> “abertura dos esquemas <strong>de</strong> legitimação”, 54<br />

<strong>de</strong> resto algo há muito <strong>de</strong>fendido por Mauro Cappelletti e Bryant Garth. 55<br />

E mais. Contraria-se também o propósito, muito forte no Brasil, <strong>de</strong> se estimularem<br />

as vias coletivas em senso lato. De fato, além do sistema muito rico <strong>de</strong> ações coletivas,<br />

construído a partir sobretudo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 do século passado, tem-se<br />

acentuado entre nós nos últimos anos, <strong>de</strong> modo ain<strong>da</strong> mais amplo, um autêntico<br />

viés coletivo <strong>de</strong> resolução dos conflitos. São as súmulas vinculantes, a repercussão<br />

geral no recurso extraordinário, os feitos repetitivos na área do recurso especial.<br />

54 Lê-se em relatório <strong>de</strong> A<strong>da</strong> Pellegrini Grinover a respeito dos processos coletivos nos países <strong>de</strong> civil<br />

law (A<strong>da</strong> Pellegrini Grinover, Kazuo Watanabe e Lin<strong>da</strong> Mullenix, Os processos coletivos nos países <strong>de</strong> civil<br />

law e common law: uma análise <strong>de</strong> direito comparado, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2008, p. 237-238):<br />

“A tendência é sem dúvi<strong>da</strong> no sentido <strong>da</strong> abertura dos esquemas <strong>da</strong> legitimação a amplos segmentos <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a seus representantes: a pessoa física, as formações sociais, os entes públicos vocacionados<br />

para a <strong>de</strong>fesa dos direitos transindividuais, outros entes públicos a quem compete a tutela dos mais diversos<br />

bens referíveis à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> − incluindo as pessoas jurídicas <strong>de</strong> direito público. Paradigmáticos, nesse<br />

campo, o Código Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Processos Coletivos para Ibero-América e o Projeto <strong>de</strong> Código brasileiro”.<br />

55 Mauro Cappelletti e Bryant Garth (Acesso à justiça, cit., p. 66) preconizaram exatamente “uma solução<br />

mista ou pluralística para o problema <strong>da</strong> representação dos interesses difusos”.<br />

109

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!