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I Relatório Nacional de Atuações Coletivas da Defensoria Pública ...

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50 ATUAÇÕES COLETIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA<br />

10. Habeas corpus coletivo contra “toque <strong>de</strong> recolher”<br />

<strong>de</strong> crianças e adolescentes em Cajuru (SP)<br />

Trata-se <strong>de</strong> impetração dirigi<strong>da</strong> contra portaria do Juízo <strong>da</strong> Vara <strong>de</strong> Infância<br />

e Juventu<strong>de</strong> <strong>da</strong> Comarca <strong>de</strong> Cajuru-SP que criou uma espécie <strong>de</strong> “toque<br />

<strong>de</strong> recolher” no local, dirigido a crianças e adolescentes. Primeiramente, a<br />

<strong>Defensoria</strong> buscou o Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> São Paulo, mas a or<strong>de</strong>m restou <strong>de</strong>nega<strong>da</strong>.<br />

Partiu a <strong>Defensoria</strong> paulista, então, para o Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça,<br />

que houve por bem conce<strong>de</strong>r a or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>clarando-se a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Portaria<br />

01/2011 <strong>da</strong> Vara <strong>da</strong> Infância e Juventu<strong>de</strong> <strong>da</strong> Comarca <strong>de</strong> Cajuru (HC 207.720, rel.<br />

Min. Herman Benjamin, Segun<strong>da</strong> Turma, julgamento unânime em 1/12/2011 −<br />

<strong>de</strong>cisão já transita<strong>da</strong> em julgado).<br />

Assinalou o aresto do STJ: “(...) 6. A <strong>de</strong>speito <strong>da</strong>s legítimas preocupações <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

coatora com as contribuições necessárias do Po<strong>de</strong>r Judiciário para a garantia<br />

<strong>de</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> proteção integral e <strong>de</strong> direitos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> criança<br />

e do adolescente, é preciso <strong>de</strong>limitar o po<strong>de</strong>r normativo <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> judiciária<br />

estabelecido pelo Estatuto <strong>da</strong> Criança e do Adolescente, em cotejo com a competência<br />

do Po<strong>de</strong>r Legislativo sobre a matéria. 7. A portaria em questão ultrapassou<br />

os limites dos po<strong>de</strong>res normativos previstos no art. 149 do ECA. ‘Ela contém normas<br />

<strong>de</strong> caráter geral e abstrato, a vigorar por prazo in<strong>de</strong>terminado, a respeito <strong>de</strong> condutas<br />

a serem observa<strong>da</strong>s por pais, pelos menores, acompanhados ou não, e por<br />

terceiros, sob cominação <strong>de</strong> penali<strong>da</strong><strong>de</strong>s nela estabeleci<strong>da</strong>s’ (REsp 1.046.350/RJ,<br />

Primeira Turma, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 24/9/2009)”.<br />

Qualquer excesso <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, mesmo que bem-intencionado, <strong>de</strong>ve ser controlado,<br />

a bem <strong>da</strong> incolumi<strong>da</strong><strong>de</strong> do direito fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> própria<br />

preservação do regime <strong>de</strong>mocrático. Também a tal controle se presta, como foi<br />

visto, a atuação coletiva <strong>da</strong> <strong>Defensoria</strong> <strong>Pública</strong>, novamente tutelando relevantes<br />

interesses difusos.<br />

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