18.10.2013 Views

I Relatório Nacional de Atuações Coletivas da Defensoria Pública ...

I Relatório Nacional de Atuações Coletivas da Defensoria Pública ...

I Relatório Nacional de Atuações Coletivas da Defensoria Pública ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ENUNCIADOS CONCLUSIVOS À LUZ DO LEVANTAMENTO REALIZADO<br />

os direitos metaindividuais não são passíveis <strong>de</strong> proteção jurisdicional pelo fato <strong>de</strong><br />

serem tipificados e conceituados como difusos, coletivos e individuais homogêneos<br />

pela legislação infraconstitucional (Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor), mas sim<br />

pelo fato <strong>de</strong> constituírem direitos subjetivos constitucionalmente assegurados, cuja<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tutela avulta em função <strong>de</strong> sua relevância social”. 29<br />

E mais. As categorias do art. 81, par. único, do Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor<br />

revelam-se bastante flui<strong>da</strong>s, como tem sido percebido pela jurisprudência. No<br />

REsp 866.636, relatado pela Min. Nancy Andrighi, afirmou-se: “Como o mesmo<br />

fato po<strong>de</strong> ensejar ofensa tanto a direitos difusos quanto a coletivos e individuais,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo apenas <strong>da</strong> ótica com que se examina a questão, não há qualquer estranheza<br />

em se ter uma ação civil pública concomitante com ações individuais, quando<br />

perfeitamente <strong>de</strong>limita<strong>da</strong>s as matérias cognitivas em ca<strong>da</strong> hipótese”. 30 O AgRg no<br />

REsp 1.154.747, relatado pelo Min. Humberto Martins, filiou-se ao mesmo pensamento:<br />

“É um erro acreditar que uma mesma situação fática não possa resultar em<br />

violação a interesses difusos, coletivos e individuais simultaneamente. A separação,<br />

ou melhor, a categorização dos interesses coletivos lato sensu em três espécies diferentes<br />

é apenas metodológica”. 31<br />

Não são <strong>de</strong> se estranhar, portanto, as críticas <strong>de</strong> Humberto Dalla Bernardina <strong>de</strong><br />

Pinho: “a classificação dos direitos coletivos (lato sensu) no plano material é falha,<br />

leva a <strong>de</strong>sencontros conceituais e já foi abandona<strong>da</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1966, pela<br />

legislação norte-americana”. 32<br />

Enfim, restringir legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong>s tomando por base a classificação legal dos interesses<br />

traduz conceitualismo anacrônico e impróprio. Para piorar, tais restrições<br />

apoiam-se sobre uma classificação inexoravelmente flui<strong>da</strong>, o que aumenta o <strong>de</strong>spropósito<br />

do entendimento.<br />

29 Elton Venturi, Processo civil coletivo, São Paulo, Malheiros, 2007, p. 89.<br />

30 REsp 866.636, rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgamento unânime em 29/11/2007.<br />

31 AgRg no REsp 1.154.747, rel. Min. Humberto Martins, Segun<strong>da</strong> Turma, julgamento unânime em 6/4/2010.<br />

32 Humberto Dalla Bernardina <strong>de</strong> Pinho, A legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>Defensoria</strong> <strong>Pública</strong> para a propositura <strong>de</strong> ações<br />

civis públicas: primeiras impressões e questões controverti<strong>da</strong>s, in José Augusto Garcia <strong>de</strong> Sousa (coord.),<br />

A <strong>Defensoria</strong> <strong>Pública</strong> e os processos coletivos: comemorando a Lei n. 11.448, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, Lumen Juris, 2008, p. 184.<br />

91

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!