29.01.2020 Views

Reflexões: Descomplicando os impostos

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Tributação Pessoal<br />

1577/2017, no qual o sujeito passivo<br />

pretendia saber que gast<strong>os</strong><br />

de IMI e despesas de conservação<br />

e reparação poderia deduzir<br />

quando o imóvel não foi objeto<br />

de arrendamento durante todo<br />

o ano, tendo a Autoridade Tributária<br />

concluído que “poderão ser<br />

considerad<strong>os</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> encarg<strong>os</strong><br />

efetivamente suportad<strong>os</strong> pelo<br />

sujeito passivo, desde que devidamente<br />

comprovad<strong>os</strong>”.<br />

Ainda que a redação da ficha<br />

doutrinária não seja muito taxativa,<br />

entendem<strong>os</strong> que a p<strong>os</strong>ição<br />

da Autoridade Tributária segue<br />

a linha de divers<strong>os</strong> acórdã<strong>os</strong> do<br />

CAAD (nomeadamente d<strong>os</strong> acórdã<strong>os</strong><br />

no âmbito d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> nº<br />

659/2017-T, 201/2015-T, 294/2015-T<br />

e n.º 434/2016-T, para salientar<br />

apenas alguns), no qual a jurisprudência<br />

concluiu que o artigo<br />

41º do Código do IRS, ou qualquer<br />

outro, não contempla qualquer<br />

exceção relativamente à regra<br />

geral da anualidade do IRS, e<br />

que não há que fazer qualquer<br />

outra correspondência temporal<br />

entre o rendimento bruto e as<br />

despesas a deduzir. Há apenas<br />

que assegurar que as deduções<br />

dizem respeito ao ano civil em<br />

que foram pag<strong>os</strong> ou colocad<strong>os</strong> à<br />

disp<strong>os</strong>ição <strong>os</strong> rendiment<strong>os</strong> prediais,<br />

não existindo fundamento<br />

legal no Código do IRS para calcular<br />

uma proporção em função<br />

da taxa de ocupação.<br />

Em n<strong>os</strong>so entender, de facto, desde<br />

que <strong>os</strong> gast<strong>os</strong> tenham sido incorrid<strong>os</strong><br />

“para obter ou garantir”<br />

<strong>os</strong> rendiment<strong>os</strong> prediais, estes<br />

serão dedutíveis mesmo que durante<br />

parte do ano o imóvel não<br />

se encontre arrendado, mas desde<br />

que o imóvel esteja disponível<br />

para arrendamento (e não a ser<br />

utilizado para habitação própria<br />

e permanente) e, como tal, as<br />

despesas sejam incorridas para<br />

assegurar que o imóvel continua<br />

a ser suscetível de arrendamento.<br />

Esperam<strong>os</strong> que a divulgação do<br />

entendimento da Autoridade<br />

Tributária na ficha doutrinária<br />

acima indicada, em linha com a<br />

jurisprudência arbitral, ponha fim<br />

à litigância que tem existido nesta<br />

matéria.<br />

Ainda no que se refere às deduções<br />

a<strong>os</strong> rendiment<strong>os</strong> prediais,<br />

também a 6 de Dezembro, a Autoridade<br />

Tributária divulgou o entendimento,<br />

na ficha doutrinária<br />

proferida no âmbito do Processo<br />

nº 4240/2017, que tratando-se de<br />

vári<strong>os</strong> comproprietári<strong>os</strong>/locadores<br />

que obtêm rendiment<strong>os</strong> prediais<br />

(categoria F) e sendo as despesas<br />

suportadas pel<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>, ainda<br />

que <strong>os</strong> document<strong>os</strong> comprovativ<strong>os</strong><br />

das despesas estejam emitid<strong>os</strong> só<br />

em nome de um d<strong>os</strong> comproprietári<strong>os</strong>,<br />

poderão estas despesas ser<br />

deduzidas por cada um d<strong>os</strong> comproprietári<strong>os</strong>,<br />

na respetiva quota<br />

-parte da renda recebida.<br />

Regimes fiscais atrativ<strong>os</strong><br />

para pessoas singulares<br />

no Sul da Europa<br />

66<br />

ANABELA SILVA<br />

People Advisory Services Leader<br />

Primeiro Espanha,<br />

depois Portugal e, mais<br />

recentemente, Itália,<br />

introduziram regimes<br />

fiscais favoráveis<br />

à transferência<br />

de trabalhadores<br />

qualificad<strong>os</strong> bem como<br />

de indivídu<strong>os</strong> que<br />

p<strong>os</strong>suem um elevado<br />

património pessoal para<br />

<strong>os</strong> respetiv<strong>os</strong> territóri<strong>os</strong>.<br />

O regime português, designado<br />

de residentes não habituais, encontra-se<br />

em vigor desde 2009 e<br />

é aplicável às pessoas singulares<br />

que, tornando-se fiscalmente<br />

residentes n<strong>os</strong> term<strong>os</strong> do Código<br />

do IRS, não tenham sido residentes<br />

em território português<br />

em qualquer d<strong>os</strong> cinco an<strong>os</strong><br />

anteriores. O regime prevê, por<br />

um lado, uma tributação reduzida<br />

e proporcional (à taxa de<br />

20% acrescida de sobretaxa em<br />

2017) d<strong>os</strong> rendiment<strong>os</strong> do trabalho<br />

dependente e independente<br />

auferid<strong>os</strong> por residentes não<br />

habituais em território português<br />

em atividades de elevado<br />

valor acrescentado, e, por outro,<br />

a p<strong>os</strong>sibilidade de optar pelo<br />

método de isenção como método<br />

de eliminação da dupla tributação<br />

internacional d<strong>os</strong> rendiment<strong>os</strong><br />

de fonte estrangeira<br />

(dependendo da natureza d<strong>os</strong><br />

rendiment<strong>os</strong> e do cumprimento<br />

de determinadas condições). O<br />

regime é aplicável por 10 an<strong>os</strong>.<br />

O regime espanhol estabelece<br />

uma taxa de tributação de 24%<br />

para rendiment<strong>os</strong> tributáveis até<br />

600.000 Eur<strong>os</strong> e 45% para rendi-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!