centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
não <strong>de</strong>notavam qualquer conhecimento sobre aspectos ortográficos. Este resultado se<br />
mantém mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rada a influência da escolarida<strong>de</strong>.<br />
Portanto, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva mais abrangente, a tarefa <strong>de</strong> erro<br />
intencional po<strong>de</strong> predizer a competência ortográfica da criança. As crianças que<br />
realizam erros intencionais mais elaborados apresentam <strong>de</strong>sempenho ortográfico<br />
melhor, ou seja, com menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erros ortográficos do que aquelas que fazem<br />
transgressões mais elementares.<br />
8.4. Diferenças nos estudos <strong>de</strong> Cavalcante (2000) e Morais (1996, 1998, 1999)<br />
Cavalcante (2000) e Morais (1996, 1998, 1999) utilizaram a tarefa <strong>de</strong> erro<br />
intencional para investigar a competência ortográfica da criança. No entanto, seus<br />
trabalhos diferem metodologicamente. Cavalcante (2000) abordou, através <strong>de</strong> ditado <strong>de</strong><br />
palavras, contextos específicos referentes às regras contextuais <strong>de</strong> uso do r e rr e<br />
nasalização diante <strong>de</strong> consoantes. Morais (1996, 1998, 1999), entretanto, utilizou a<br />
tarefa <strong>de</strong> erro intencional sobre um texto que continha diversos aspectos regulares e<br />
irregulares da língua.<br />
O tipo <strong>de</strong> tarefa empregada (ditado <strong>de</strong> palavras e texto) não parece interferir <strong>de</strong><br />
modo consistente nos resultados encontrados. No ditado <strong>de</strong> palavras, as crianças<br />
ten<strong>de</strong>ram a realizar um maior número <strong>de</strong> transgressões nos contextos específicos (regras<br />
<strong>de</strong> contexto e morfossintáticas). Mas isto parece estar relacionado ao fato <strong>de</strong> que, nesta<br />
ativida<strong>de</strong>, as crianças tinham que cometer obrigatoriamente alguma transgressão nas<br />
palavras selecionadas. Já no texto, houve maior liberda<strong>de</strong> para a escolha das palavras<br />
nas quais seriam cometidas as transgressões.<br />
No estudo realizado por Cavalcante (2000), as crianças <strong>de</strong> 2 a série obtiveram um<br />
bom <strong>de</strong>sempenho ortográfico nos contextos críticos investigados, mas fizeram poucas<br />
transgressões nestes contextos. Com isto, Cavalcante (2000) concluiu que não há<br />
relação entre a tarefa <strong>de</strong> erro ortográfico e a tarefa <strong>de</strong> erro intencional. Entretanto, este<br />
resultado po<strong>de</strong> estar indicando uma não preocupação das crianças com estes contextos,<br />
ou seja, as crianças não vêem estes contextos específicos como problemáticos, o que<br />
94