centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
5. QUESTÕES ACERCA DA PESQUISA<br />
Os resultados encontrados por Cavalcante (2000) apontam para a imprecisão da<br />
tarefa <strong>de</strong> erro intencional em acessar o conhecimento explícito não-verbal da criança<br />
sobre regras contextuais específicas. Mas, <strong>de</strong> maneira alternativa, o fato da tarefa <strong>de</strong><br />
erro intencional não ter discriminado o bom <strong>de</strong>sempenho ortográfico das crianças po<strong>de</strong><br />
estar relacionado à natureza da regra utilizada neste estudo. Ou seja, a tarefa <strong>de</strong> erro<br />
intencional não seria uma boa preditora para o <strong>de</strong>sempenho ortográfico da criança<br />
relacionado às regras contextuais. No entanto, esta tarefa po<strong>de</strong>ria predizer o<br />
<strong>de</strong>sempenho ortográfico da criança se fossem investigados outros aspectos da<br />
ortografia, quais sejam àqueles referentes à morfologia e à sintaxe.<br />
Um estudo longitudinal realizado por Rego e Buarque (1997) <strong>de</strong>monstrou a<br />
importância da consciência sintática e da consciência fonológica na aquisição <strong>de</strong> regras<br />
ortográficas específicas. A aquisição <strong>de</strong> regras <strong>de</strong> contexto seria facilitada pelo<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da consciência fonológica, enquanto que aspectos ortográficos ligados<br />
à morfologia e à sintaxe estariam relacionados à consciência sintática.<br />
Além disto, a consciência fonológica e a consciência morfossintática parecem se<br />
<strong>de</strong>senvolver em momentos distintos da aquisição da língua escrita. A consciência<br />
fonológica é necessária ao processo <strong>de</strong> alfabetização (Byrne, 1995, Correa, 2001). Em<br />
outras palavras, a criança precisa ter um certo nível <strong>de</strong> consciência dos segmentos<br />
sonoros da fala para apren<strong>de</strong>r a ler e escrever. Esta habilida<strong>de</strong> continua a se <strong>de</strong>senvolver<br />
ao longo da alfabetização. No entanto, uma estratégia puramente fonológica mostra-se<br />
insuficiente para a escrita correta <strong>de</strong> palavras. As crianças precisam compreen<strong>de</strong>r outros<br />
aspectos da língua referentes à ortografia. É apenas nesta fase, quando a criança já<br />
domina o sistema alfabético, que a consciência morfossintática se torna importante para<br />
o aperfeiçoamento da língua escrita (Nunes, Bryant & Bindman, 1995). Para gerar<br />
certas grafias <strong>de</strong>verão ser feitas, portanto, consi<strong>de</strong>rações sobre a estrutura gramatical<br />
das frases e sobre a formação das palavras.<br />
38