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centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ

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apenas a um nível mais básico <strong>de</strong> conhecimento (familiarida<strong>de</strong> com a grafia da palavra<br />

em especial) e não a uma maior elaboração da regra. Já a criança que escreveu<br />

marratona, está indicando uma generalização in<strong>de</strong>vida por não saber ainda on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />

aplicar esta ou aquela grafia, <strong>de</strong>corrência da reelaboração das hipóteses construídas<br />

pelas crianças acerca da escrita do r e rr.<br />

A tarefa <strong>de</strong> erro intencional, juntamente com a avaliação da competência<br />

ortográfica, nos permite acessar o nível <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> uma forma mais clara e<br />

precisa. Por exemplo, a criança, ao trocar, na tarefa <strong>de</strong> erro intencional, a letra r pela c,<br />

formando macatona, indica que ainda não tem consciência sobre os aspectos<br />

ortográficos envolvidos. Esta é uma troca <strong>de</strong> letras bastante elementar, não envolvendo<br />

sequer uma similarida<strong>de</strong> fonética ou gráfica entre as letras. Já a criança que faz uma<br />

transgressão escrevendo marratona, evi<strong>de</strong>ncia um nível mais elaborado <strong>de</strong><br />

conhecimento sobre aquele contexto ortográfico específico. Desta forma, fica evi<strong>de</strong>nte o<br />

conhecimento que a criança possui acerca <strong>de</strong> grafias alternativas e <strong>de</strong> qual seria a grafia<br />

correta para aquele contexto em questão. A criança experimenta diferentes<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escrita na aprendizagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada palavra, sendo esta<br />

experimentação um reflexo <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> cognitiva.<br />

A transgressão paradoxal, na qual a criança escreve a palavra com erro como se<br />

fosse certa e escreve o erro intencional com a grafia correta, po<strong>de</strong> estar indicando<br />

exatamente uma dúvida da criança quanto à forma a<strong>de</strong>quada para se escrever<br />

<strong>de</strong>terminada palavra. A crianças i<strong>de</strong>ntificam o contexto ortográfico em questão, mas<br />

ainda não o grafam apropriadamente. Também é possível que a transgressão paradoxal<br />

seja reflexo <strong>de</strong> uma revisão feita sobre a produção escrita, em que a criança percebe<br />

algum erro ortográfico cometido e tenta corrigi-lo, escrevendo a palavra da maneira<br />

certa. Um exemplo em que fica evi<strong>de</strong>nte esta tentativa <strong>de</strong> consertar o erro foi<br />

encontrado na palavra arrastados. No ditado do texto, a criança escreveu arrastos,<br />

omitindo algumas letras da palavra. O erro intencional correspon<strong>de</strong>nte foi arrastados.<br />

Este caso não estaria indicando um conhecimento da criança acerca <strong>de</strong> grafias<br />

alternativas, mas estaria sugerindo a correção <strong>de</strong> sua escrita anterior.<br />

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