centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
4. O DESEMPENHO ORTOGRÁFICO DA CRIANÇA E A TRANSGRESSÃO<br />
INTENCIONAL DA NORMA ORTOGRÁFICA<br />
Investigando a aquisição da norma ortográfica por crianças, Morais (1996, 1998,<br />
1999) utilizou como instrumento metodológico, a “brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> escrever errado <strong>de</strong><br />
propósito”, também <strong>de</strong>nominada por Cavalcante (2000) e Cavalcante e Rego (2001)<br />
como tarefa <strong>de</strong> erro intencional. Basicamente esta tarefa consistiria na transgressão<br />
intencional da norma ortográfica pela criança. Seu objetivo seria investigar o<br />
conhecimento explícito que a criança tem elaborado em relação à ortografia. Esta<br />
ativida<strong>de</strong> está baseada na concepção <strong>de</strong> que para cometer erros propositalmente a<br />
criança precisaria ter domínio da regra ou princípio em questão. Então, a análise das<br />
transgressões realizadas pelas crianças forneceria informações sobre o conhecimento<br />
que ela já tem construído sobre a ortografia. Os erros intencionais que envolvessem<br />
aspectos da ortografia evi<strong>de</strong>nciariam um conhecimento mais sofisticado e os realizados<br />
fora <strong>de</strong>ste âmbito indicariam um conhecimento incipiente da criança.<br />
De acordo com Morais (1996, 1998, 1999), o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “re<strong>de</strong>scrição<br />
representacional” proposto por Karmiloff-Smith (1986, 1992, 1994) dá fundamento à<br />
tarefa <strong>de</strong> erro intencional. Neste mo<strong>de</strong>lo, a aprendizagem inicialmente se daria <strong>de</strong> uma<br />
forma mecânica e limitada, envolvendo apenas um nível implícito <strong>de</strong> conhecimento.<br />
Depois haveria um maior domínio e compreensão dos princípios subjacentes àquele<br />
<strong>de</strong>terminado conhecimento acarretando num nível mais explícito <strong>de</strong> elaboração. Esta<br />
explicitação po<strong>de</strong>ria ocorrer <strong>de</strong> forma consciente, on<strong>de</strong> o indivíduo saberia inicialmente<br />
aplicar seu conhecimento, como, posteriormente, <strong>de</strong> forma consciente verbal, on<strong>de</strong><br />
saberia, também, explicar o conhecimento utilizado. Portanto, haveria uma clara relação<br />
entre o nível <strong>de</strong> explicitação dos conhecimentos elaborados pelo sujeito e seu progresso<br />
na utilização <strong>de</strong>stes mesmos conhecimentos.<br />
Uma análise mais acurada da exposição feita por Morais (1996, 1998, 1999)<br />
acerca das bases teóricas sobre as quais a tarefa <strong>de</strong> erro intencional se fundamenta nos<br />
mostra que este toma o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Karmiloff-Smith (1986, 1992, 1994) tão somente por<br />
26