centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ
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Na tarefa <strong>de</strong> transgressão intencional, a escolarida<strong>de</strong> foi um fator <strong>de</strong>terminante<br />
na performance das crianças. Em todos os contextos investigados, tanto nas palavras<br />
como nas pseudopalavras, as crianças da 4 a série realizaram um número<br />
significativamente maior <strong>de</strong> erros intencionais sobre as dificulda<strong>de</strong>s ortográficas<br />
abordadas do que as crianças <strong>de</strong> 2 a série.<br />
Na entrevista verificou-se que as crianças verbalizaram com maior facilida<strong>de</strong> as<br />
regras ligadas a nasalização <strong>de</strong> palavras do que as pertinentes ao uso do R e RR.<br />
Cavalcante (2000) atribui esta diferença a particularida<strong>de</strong>s do contexto ortográfico<br />
como a sua maior ou menor exposição na escola e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio nas<br />
correspondências grafofônicas. Mas este resultado po<strong>de</strong> também estar relacionado à<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> domínio <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> regras, no caso do uso do R e RR, já que<br />
em alguns momentos a crianças precisará justificar sua escolha pela posição que a letra<br />
ocupa na palavra e em outros pela utilização <strong>de</strong> recurso fonológico. No que diz respeito<br />
à nasalização <strong>de</strong> palavras diante <strong>de</strong> consoantes, a criança precisará dar conta <strong>de</strong> apenas<br />
uma regra, o que simplificaria e, <strong>de</strong> certa forma, facilitaria sua explicitação verbal.<br />
Foi constatada gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> da criança em explicitar verbalmente a regra<br />
envolvendo o /R/ entre consoante e vogal. A maior parte das justificativas se baseou em<br />
recursos fonológicos, o que não seria a<strong>de</strong>quado já que, neste caso, não é possível fazer<br />
uma escolha correta consi<strong>de</strong>rando apenas o som (apesar do som ser forte, a palavra <strong>de</strong>ve<br />
ser escrita com apenas um R). Também foi observado, neste contexto, uma diferença no<br />
<strong>de</strong>sempenho das crianças da 2 a e 4 a séries. As crianças da série mais avançada foram<br />
capazes <strong>de</strong> verbalizar mais do que as <strong>de</strong> 2 a série.<br />
Nos outros contextos <strong>de</strong> emprego do R e RR, ao contrário, as crianças<br />
apresentaram um maior número <strong>de</strong> justificativas corretas, <strong>de</strong>monstrando maior<br />
conhecimento e compreensão a respeito <strong>de</strong>stas restrições ortográficas. Portanto, nas<br />
representações do /r/ e /R/ intervocálico, as explicações se basearam na diferença entre<br />
os sons, enquanto que para o /R/ inicial, a posição da letra na palavra foi a justificativa<br />
predominante. Além disto, a escolarida<strong>de</strong> não teve influência na habilida<strong>de</strong> das crianças<br />
em explicitar discursivamente estas mesmas restrições.<br />
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