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centro de filosofia e ciências humanas - UFRJ

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No segundo estágio, as crianças escrevem tendo como base apenas o som das<br />

palavras, ou seja, utilizam estratégias fonéticas, que são consi<strong>de</strong>radas as mais básicas.<br />

As convenções ortográficas estabelecidas para a escrita <strong>de</strong> morfemas são ignoradas<br />

pelas crianças. Com isto, o sufixo ed é omitido na produção infantil. Este estágio é<br />

<strong>de</strong>scrito por Nunes et al. (1997) como “fonético”.<br />

Quando as crianças começam a utilizar o sufixo ed para representar o som final<br />

/d/ e /t/, sem se basear numa regra gramatical, trata-se do terceiro estágio. Nesta fase,<br />

apesar das crianças terem percebido que algumas palavras são grafadas com ed no final,<br />

ainda não compreen<strong>de</strong>ram que estas fazem parte <strong>de</strong> uma categoria específica (verbos).<br />

A característica essencial <strong>de</strong>sta fase é a generalização do uso do sufixo ed também para<br />

os passado dos verbos irregulares e para palavras terminadas em /d/ ou /t/ pertencentes a<br />

outra classe gramatical. O uso do ed estaria sendo feito, portanto, sem que sejam<br />

consi<strong>de</strong>rados os aspectos gramaticais envolvidos.<br />

Posteriormente, as crianças passam a limitar o uso do ed somente para verbos no<br />

tempo passado, não fazendo, entretanto, distinção entre os regulares e os irregulares.<br />

Isto sugere que as crianças já i<strong>de</strong>ntificam a restrição imposta pela gramática, mas não se<br />

<strong>de</strong>ram conta das exceções quanto ao uso a<strong>de</strong>quado do sufixo marcador do passado dos<br />

verbos.<br />

Finalmente, a <strong>de</strong>rivação sufixal ed estaria restrita ao passado dos verbos<br />

regulares, implicando em um entendimento integral acerca <strong>de</strong> seu uso e função. Esta<br />

última etapa seria <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma progressiva sofisticação das estratégias utilizadas<br />

pelas crianças, que passariam a levar em conta não apenas os aspectos fonéticos mas<br />

também a morfologia e a sintaxe.<br />

Muitas das crianças que participaram <strong>de</strong>ste estudo escreveram algumas palavras<br />

incorretamente apesar <strong>de</strong>, em testagens anteriores, já as terem grafado <strong>de</strong> acordo com a<br />

norma ortográfica. Isto indica que o fato <strong>de</strong> escrever a palavra <strong>de</strong> maneira certa não<br />

significa, necessariamente, um conhecimento elaborado sobre o que está convencionado<br />

na língua. Po<strong>de</strong> estar apenas indicando um conhecimento elementar, sem que haja <strong>de</strong><br />

fato um domínio da regra.<br />

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