específico, João Correia acima. Fui andan<strong>do</strong>, e me sentia atroz. O mun<strong>do</strong> parecia não ser mais <strong>do</strong> que uma bolha de glicerina fácil de ser compreendida, mesmo à 01:17 da manhã. Quan<strong>do</strong> passei em frente ao Fórum, cumprimentei o brigadiano que passa o turno da noite por ali desde que jogaram uma bomba incendiária no térreo (Espírito de Seattle, BOTA PRA FUDER!). "Aeh", falei. Ficou me olhan<strong>do</strong>, provavelmente pensan<strong>do</strong> alguma palavra de duas sílabas (‘via<strong>do</strong>’, todavia, tem três - pode contar). Quan<strong>do</strong> estava mais ou menos na altura <strong>do</strong> prédio da Justiça <strong>do</strong> Trabalho (uma vianda oxidada gigante), saquei que, conforme eu andava, a garrafa ia pra frente e para trás (o bocal da garrafa apontava para os meus bagos), causan<strong>do</strong> uma saliência no meu peito que poderia ser tanto provocada por uma garrafa de vodca quanto por uma <strong>do</strong>ze cano cerra<strong>do</strong> enfiada no cinto. Alguns taxistas começaram a rir de alguma coisa engraçada que me escapou por completo. Passou um Gol da Brigada, devagarinho, CHEIO de meganhas. Me lembrei de Thomas Engel, o tenista que tomou um tiro no lombo e se fudeu sem nem ao menos entender o por quê <strong>do</strong>s brigadiano fazerem aquilo. Mas a porcada não tomou conhecimento de mim -- basicamente porque eu não aparentava ter dinheiro pelos bolsos e porque aquilo não era mais hora de se prender alguém, onde já se viu, porra? De mo<strong>do</strong> que cheguei à casa <strong>do</strong> meu camarada novamente, constatan<strong>do</strong> que AGORA SIM eu precisava de um beck. Quem me recebeu foi o irmão dele, um ex-hippie cujos hábitos fazem Bigas parecer uma irmã carmelita, e cujo hobbie atual envolve cristais de lítio. Não me lembro muito bem <strong>do</strong> que aconteceu a partir daí. Tinha uma cama no chão da sala, e me lembro dele ter dito que precisava trampar no outro dia. Eu estava a ponto de me deitar pela calçada mesmo. "O Tiago não tá por aí?", perguntei. " Não, foi pra Candiota. Vou confiar em ti, Diego", ele disse. "Mira reto. Vai pra CASA, vai RETO, não fala com NINGUÉM, entendeu?" Fui embora <strong>do</strong> mesmo jeito que cheguei, e saquei, MAIS OU MENOS, que estava perdi<strong>do</strong> na jogada, e que isso era algo inacreditavelmente BOM. Ao menos tinha arranha<strong>do</strong> a superfície de... alguma coisa. Flertan<strong>do</strong> com o desastre, pode-se chegar ao cerne <strong>do</strong> lirismo - ou pelo menos TOMAR NO CU de maneira irreversível. Quan<strong>do</strong> cheguei em frente ao Fórum de novo, a suspeita gentil tinha sumi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s olhos nazistas <strong>do</strong> brigadiano. Alguém tinha picha<strong>do</strong> uma frase na fachada <strong>do</strong> Fórum: ‘O GRUPO VAI VOLTAR’ - muito embora eu possa estar engana<strong>do</strong>, sabe como é. O que fiz foi sentar pelas escadas e sacar a garrafa para dar um trago. "Tu tá toman<strong>do</strong> isso PURO, cara?" "Vou tocar isso fora." Derramei a garrafa toda <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de um orelhão e toquei a garrafa longe. "Vou pra minha casal", falei. Ia dizer "Vou pra casa, tira", mas, MESMO naquelas condições, percebi que podia ser caga<strong>do</strong> a pau. (Agora sim: ‘Via<strong>do</strong>’.) Não tomei um tiro nas costas, nem tampouco fui preso. Já o resto não sei dizer. Acordei e era segunda, e minha mãe me deu o toque de que o rádiorelógio estava tocan<strong>do</strong> haviam quinze minutos. A sensação era indescritível - parecia que, ao manusear uma arma de fogo, algo havia saí<strong>do</strong> pela culatra e destruí<strong>do</strong> minha cara, e uma colônia de abelhas tinha aproveita<strong>do</strong> o buraco remanescente para se instalar por lá. Minha cabeça parecia cheia de água suja e to<strong>do</strong> meu torso, <strong>do</strong> peito ao baixo-ventre, haviam se transforma<strong>do</strong> numa massa disforme. Morga<strong>do</strong>, consegui pegar o ônibus e capotar no último banco. Acordava de vez em quan<strong>do</strong>, flashes rápi<strong>do</strong>s de placas pela estrada ("VENDE-SE LEITÃO"), aparentemente desconexos. Acordei em Gravataí já com o sol baten<strong>do</strong> na cara e era HORA DE TRABALHAR. O senso de ultraje em se chegar ao serviço levemente embriaga<strong>do</strong> é um
néctar raro, e qualquer ser humano deveria experimentar isso, mas, PUTA MERDA, uma vez, NO MÁXIMO. Pensan<strong>do</strong> bem, acho que dá pra passar sem. É. Dá pra passar sem - tranqüilo. Mas ainda assim eu recomen<strong>do</strong>. Recomen<strong>do</strong> agir de maneira idiota por algum tempo - não muito. Vinte anos, no máximo. Como disse Burroughs, é necessário se fazer ver para se tornar invisível. Doía, e não só <strong>do</strong>ía, como DOÍA FEITO O DIABO. Passei a maior parte da manhã <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> pelos vestiários, e, heroicamente, não vomitei. Aí me ocorreu que QUEM DIABOS POSSIVELMENTE PRECISARIA DE UM LEITÃO? (Anotação Mental Final: a existência é amplamente aleatória. Vou <strong>do</strong>rmir.)
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