19.06.2013 Views

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

são os pronomes pessoais (eu, você, nós etc.), que podem remeter a inúmeras possibilidades<br />

de indivíduos, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> emissor, <strong>do</strong> interlocutor e <strong>do</strong> contexto da mensagem. Da<br />

mesma forma acontece com a contracultura, que é dêitica a partir <strong>do</strong> momento em que seu<br />

senti<strong>do</strong> real não está conti<strong>do</strong> na palavra em si, mas está vinculada à cultura e/ou forma de<br />

expressão <strong>do</strong>minante e à sua respectiva anticultura, ou antilinguagem.<br />

E como enquadrar o <strong>Jornalismo</strong> <strong>Gonzo</strong> e a Irmandade Raoul Duke dentro deste<br />

novo amálgama da contracultura? Embora o <strong>Jornalismo</strong> <strong>Gonzo</strong> tenha “nasci<strong>do</strong>” nos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, em 1970, não se pode dizer que essa expressão jornalística faça parte <strong>do</strong><br />

movimento da contracultura anteriormente descrito por Roszak. Mesmo consideran<strong>do</strong> o uso<br />

de drogas como altera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de consciência e a contraposição perante uma prática<br />

tecnocrática (o jornalismo dito tradicional), não é correto afirmar que Hunter Thompson e<br />

sua forma de fazer jornalismo tenha integra<strong>do</strong> o bojo <strong>do</strong> movimento encabeça<strong>do</strong> pelos<br />

beats e hippies, não desprezan<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, as possíveis influências, mesmo indiretas, que<br />

um movimento daquelas proporções teriam causa<strong>do</strong> no gonzo-jornalismo.<br />

No entanto, o <strong>Jornalismo</strong> <strong>Gonzo</strong> é contracultura sim, no senti<strong>do</strong> de que ele<br />

“combate” uma força antagônica e subverte valores estabeleci<strong>do</strong>s, enquadran<strong>do</strong>-se, então,<br />

na concepção de Teixeira Coelho. É importante ressaltar que contracultura, neste caso,<br />

refere-se ao conceito lato sensu, que abrange as formas de expressão cultural, social,<br />

artística e filosófica que se contrapõem aos pressupostos <strong>do</strong> mainstream, da cultura<br />

<strong>do</strong>minante. Desta forma, a prática de produção textual engendrada pelo site Irmandade<br />

Raoul Duke (IRD) também pode ser percebida como uma forma de contracultura, à medida<br />

que atua como crítico <strong>do</strong> jornalismo pratica<strong>do</strong> pela chamada Grande Imprensa,<br />

desconstruin<strong>do</strong> seus artifícios e desvelan<strong>do</strong> suas contradições. Todavia, apenas reforçan<strong>do</strong><br />

nosso caminho inicial, podemos claramente perceber que a forma de contracultura à qual<br />

pertence a Irmandade Raoul Duke muito difere daquela <strong>do</strong>s flower children, vista nos anos<br />

60 e 70, posto que os flower children abominavam a tecnocracia acima de tu<strong>do</strong>, e a IRD<br />

utiliza-se <strong>do</strong> maior vetor tecnológico de nosso tempo, a Internet. Obviamente, esta<br />

divergência fundamental impossibilita-nos de fazer uma ligação direta <strong>do</strong> <strong>Jornalismo</strong><br />

<strong>Gonzo</strong> da IRD com a contracultura praticada nos anos sessenta e setenta.<br />

47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!