Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador
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substância química, ou mesmo de uma situação extrema. É sabi<strong>do</strong>, entretanto, que a<br />
apuração jornalística inevitavelmente passa por intermédio <strong>do</strong>s atributos sensoriais <strong>do</strong><br />
repórter. Então, por que acreditar na “verdade” <strong>do</strong> jornalismo? O gonzo não se quer fazer<br />
verdadeiro. Ao exibir seus hiperbólicos atributos, o <strong>Jornalismo</strong> <strong>Gonzo</strong> implicitamente<br />
afirma que outras práticas (inclusive o jornalismo) são perpassadas pelos mesmos<br />
“defeitos”, em maior ou menor grau.<br />
A experiência psicodélica suscita uma questão intelectual importante sobre epistemologia:<br />
até que ponto nossos senti<strong>do</strong>s são uma forma razoável de conhecer o mun<strong>do</strong>? Tu<strong>do</strong> o que eu<br />
vi sob efeito da psilocibina EXISTIA. Quem poderia negar? Eu FALEI com o mar, eu VI a<br />
criação e a evolução. Se uma substância qualquer pode confundir assim os senti<strong>do</strong>s, por que<br />
uma variação normal em nosso cérebro não poderia nos fazer ver coisas que não existem o<br />
tempo inteiro? Pode-se confiar realmente na <strong>realidade</strong> que vemos? O equilíbrio químico <strong>do</strong><br />
cérebro é, afinal, delica<strong>do</strong>. Não seria tu<strong>do</strong> um grande embuste? 31<br />
31 Em Raoul Duke Explica: Cogumelos Alucinógenos, por Marcelo Träsel.<br />
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