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Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

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ANEXO 3<br />

GRAMADO 100% FREE OU TIRANDO PROVEITO DE UM<br />

ASSÉDIO HOMOSSEXUAL - I<br />

por Giuseppe Zani e Emiliano Urbim com ilustrações de Nelson Azeve<strong>do</strong><br />

e Luiz Monty Pellizzari<br />

Já faz três anos desde então e, mesmo assim, tenho a sensação de estar recordan<strong>do</strong><br />

acontecimentos de uma noite de excessos. Uma noite que se repete e que demora ainda a<br />

acabar. Primeiro vêm os vultos, como um hálito fresco a arder por dentro <strong>do</strong> nariz, um aroma<br />

que se insinua e logo escapa. Parecem destina<strong>do</strong>s ao esquecimento, até que irrompem<br />

novamente num turbilhão de imagens. Tenho que anotá-los, papel papel papel... É preciso<br />

precaver-se contra novo esquecimento:<br />

a. o amigo equatoriano;<br />

b. eu mais urbim no tapete vermelho;<br />

c. eu mais emiliano mais Lucélia Santos - onde eu não lembro, o que me excita e apavora ao<br />

mesmo tempo: esse tipo de lembranças por vezes se deturpam, e não raro eu confun<strong>do</strong><br />

lembrança de sonhos com fatos reais e, se tratan<strong>do</strong> de um Festival de Cinema, a hipótese da<br />

Lucélia pode ser a única parte fantasiosa <strong>do</strong> relato.<br />

Ainda há d. dinheiro. Ou melhor, não houve. Lembro de descer na ro<strong>do</strong>viária de Grama<strong>do</strong> contar<br />

R$ 30,00 e guardá-los no bolso da calça. Por outro la<strong>do</strong>, lembro de estar acordan<strong>do</strong> em Porto<br />

Alegre com os mesmos trinta intactos, as notas <strong>do</strong>bradas daquela forma peculiar: com os <strong>do</strong>is<br />

la<strong>do</strong>s mais curtos <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s em direção ao centro da cédula, e no mesmo bolso. Como explicar<br />

então o carpaccio, o ingresso no Palácio <strong>do</strong>s Festivais, a festa, o vinho...<br />

A história está escapan<strong>do</strong> novamente. Costumo manter arquivo das matérias, porém como já faz<br />

tempo, provavelmente não tenho texto algum, mas a minha caderneta de notas ainda deve ter<br />

lá alguma coisa apontada. Procuro pelo Festival: "Quarta-feira; Festival de Grama<strong>do</strong>; Mostra de<br />

Super-8; Assédio; A Vingança <strong>do</strong> Dr. Kali Gara; Emiliano; Bonitinha mas Ordinária" e na página<br />

ao la<strong>do</strong> o ingresso para o Festival, assento F-14.<br />

Ok, primeira providência: escrever ao Emiliano pedin<strong>do</strong> explicações. Ele com certeza está<br />

envolvi<strong>do</strong>, seja comigo ou com a Lucélia. Agora deixa eu ver o que dá para reconstituir. O<br />

motivo deve ser essa Mostra de S-8, parece plausível. E, realmente, me recor<strong>do</strong> de ter assisti<strong>do</strong><br />

a vários curtas numa projeção minúscula sobre uma tela de 35mm, da sensação de fastio com<br />

tantos resulta<strong>do</strong>s semelhantes, to<strong>do</strong>s pretensamente experimentais. Um evento até então<br />

marginal e paralelo à premiação oficial, mas que teve premiação especial. Tu<strong>do</strong> isso é bem<br />

níti<strong>do</strong>: Gabriel Moojen anuncian<strong>do</strong> uma parceria da RBS com os superoitistas para exibição na<br />

TV, uma certa euforia entre os produtores e, não muito tempo depois, o fim <strong>do</strong> projeto<br />

Cinemean<strong>do</strong> no Garagem. Título de uma película, inclusive, que ganhou menção honrosa no<br />

Festival. Aliás, foram muitas as menções honrosas, porque A Vingança <strong>do</strong> Dr. Kali Gara<br />

arrebanhou praticamente to<strong>do</strong>s os prêmios da categoria. Está lá no site da APTC: melhor filme,<br />

júri popular, direção, direção de arte e trilha sonora. Recor<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s comentan<strong>do</strong> acerca da<br />

qualidade <strong>do</strong> filme. Era mu<strong>do</strong>, o que já driblava o problema que é trabalhar com som em S-8.<br />

Também falava-se <strong>do</strong> clima noir e das referências expressionistas, mas o que me conquistou a<br />

simpatia foi a trilha sonora executada ao vivo no piano.<br />

Lembro agora que o filme que eu fui ver acabou não passan<strong>do</strong> e que esse filme era da turma <strong>do</strong><br />

Alex, esse meu amigo equatoriano, que não estava lá, mas apareceu mais tarde, na festa. Na<br />

exibição tinha também esse cara que gru<strong>do</strong>u em mim; era de São Paulo, lembro <strong>do</strong>s prefixos 11<br />

antes <strong>do</strong>s números de telefone que tinha no cartão, lembro inclusive que ele era Produtor<br />

Comercial de um filme <strong>do</strong> Alain Fresnot. Eu conheci o Alain Fresnot, mas só soube que era ele<br />

depois dele ir embora. Foi o produtor quem me disse e eu não tinha por que duvidar, afinal ele

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