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Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

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sabe<strong>do</strong>ria das crianças, notemos que, mais <strong>do</strong> que a questão da temporalidade, o principal<br />

fator a desvelar são as demais relações da modernidade com a pós, ou vice-versa. Que<br />

transformações provocaram o aparecimento da pós-modernidade? Ruptura ou<br />

continuidade? Antimodernidade ou supramodernidade?<br />

Seria inocência (maior ainda <strong>do</strong> que a das crianças) tratar da pós-modernidade sem<br />

perscrutar o que se convencionou chamar de modernidade. Afinal, em que consiste a<br />

modernidade? “O saber moderno é fundamentalmente marca<strong>do</strong> pela vontade da verdade”<br />

(OLIVEIRA, 1993: 81-82). Sucinto e abrangente, o cearense Manfre<strong>do</strong> Oliveira dá a deixa<br />

para a crítica <strong>do</strong> francês Jean-François Lyotard quanto aos metarrelatos, a representação<br />

materializada <strong>do</strong> pensamento moderno.<br />

Na medida em que [a ciência] não se limite a enunciar regularidades úteis e que busque o<br />

verdadeiro, deve legitimar suas regras de jogo. Assim, exerce sobre seu próprio estatuto um<br />

discurso de legitimação, chama<strong>do</strong> filosofia. Quan<strong>do</strong> este metadiscurso recorre<br />

explicitamente a algum grande relato, como a dialética <strong>do</strong> espírito, a hermenêutica <strong>do</strong><br />

senti<strong>do</strong>, a emancipação <strong>do</strong> sujeito racional ou trabalha<strong>do</strong>r, o desenvolvimento da riqueza,<br />

decide-se chamar “moderna” a ciência que a isto se refere para legitimar. (LYOTARD,<br />

2002: XV - observação minha)<br />

Desta forma, Lyotard deixa clara sua concepção acerca da intrínseca associação<br />

entre a modernidade e os grandes relatos metafísicos. Para Jean-François Lyotard, a<br />

condição pós-moderna é, portanto, a situação de incredulidade frente ao metadiscurso<br />

filosófico-metafísico e sua utopia universalizante, totalizante e atemporal.<br />

Em Condição Pós-Moderna, o norte-americano David Harvey cita a revista de<br />

arquitetura PRECIS para traçar uma contraposição entre o pós-modernismo e a<br />

modernidade. Para os editores da referida revista, o pós-moderno é visto como uma reação<br />

à visão de mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> modernismo universal, percebi<strong>do</strong> como “positivista, tecnocêntrico e<br />

racionalista”. Para eles, o modernismo pode ser caracteriza<strong>do</strong> como preconiza<strong>do</strong>r da<br />

“crença no progresso linear, nas verdades absolutas, no planejamento racional de ordens<br />

sociais ideais, e com a padronização <strong>do</strong> conhecimento e da produção”, enquanto o pós-<br />

moderno tende a dar ênfase a fatores como fragmentação, indeterminação e a intensa<br />

desconfiança de to<strong>do</strong>s os discursos universais ou “totalizantes” (apud HARVEY, 1992: 19).<br />

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