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Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

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Janeiro lidavam com a religião, com depoimentos surpreendentes, e uma edição por vezes até<br />

meio irônica. Bom, se quiserem ler sobre o filme o Merten deve ter escrito qualquer coisa muito<br />

boa no Estadão.<br />

O interessante foi que no meio <strong>do</strong> filme uma guria que estava <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Giuseppe começou a<br />

cutucá-lo, e comentava algumas coisas. No terceiro comentário ela já estava falan<strong>do</strong> comigo<br />

também, "bárbaro!" "que maravilha!", ou só umas risadas altas e desajeitadas acompanhadas<br />

de olhares buscan<strong>do</strong> a nossa aprovação. Em um desses olhares eu me dei conta de quem era a<br />

tal guria. Cutuquei o Zani:<br />

"Tu viu quem tá <strong>do</strong> teu la<strong>do</strong>?"<br />

"Não é uma guria da Fabico?"<br />

Eu rin<strong>do</strong>: "Não!"<br />

"Quem é?"<br />

"É A LUCÉLIA SANTOS!"<br />

E ela batia palma, ria, pegava no braço <strong>do</strong> Giuseppe, grande companhia. Terminou o filme nós<br />

<strong>do</strong>is saímos pelo corre<strong>do</strong>r rin<strong>do</strong> e comentan<strong>do</strong> o aconteci<strong>do</strong>, a viagem, a Lucélia Santos em<br />

Santo Forte. Aí tem aquele intervalinho, fica to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> feliz de estar lá dentro no quentinho <strong>do</strong><br />

cinema e não lá fora naquele frio (acho que foi o último inverno digno <strong>do</strong> nome, depois só El<br />

Niño e La Niña empatan<strong>do</strong> a foda). Encontramos uma amiga, a Gaby, que estava com umas<br />

amigas, e agora eu confesso que não sei se entre esses estava a guria que o Giuseppe havia<br />

viaja<strong>do</strong> para ver. Talvez sim. Então tá, sim, vamos por molho nessa história.<br />

De volta ao cinema, agora com mais gente, nos sentamos em um canto esquer<strong>do</strong>, onde estava<br />

to<strong>do</strong> o pessoal <strong>do</strong> SUPER-8, aguardan<strong>do</strong> a premiação da categoria. Foi o ano em que A Vingança<br />

de Kali Gara levou tu<strong>do</strong>, sobran<strong>do</strong> lá uns prêmios de consolação pro Spoli<strong>do</strong>ro e um pessoal da<br />

PUC. Um troço que me chamou muita atenção é que logo depois que acabou a cerimônia toda a<br />

tribo superoitista deban<strong>do</strong>u. Tu<strong>do</strong> bem, a gurizada queria mais era comemorar e chamar toda a<br />

organização de velhos, caretas e pá e coisa, mas pegou mal. Pude entreouvir Lucélia sussurar<br />

uma admoestação.<br />

O filme era <strong>do</strong> caralho. Du-ca-ra-lho. Os Amantes <strong>do</strong> Círculo Polar, sei lá de quem, <strong>do</strong> caralho<br />

talvez. Uma história de amor, e tu<strong>do</strong> o que eu queria naquela, noite, naquela semana, naquela<br />

estação, nessa vida, era uma história de amor. Bah, me emocionei, mesmo, de trincar as<br />

batatas. E acho que Giuseppe também, porque uns <strong>do</strong>is anos depois, responden<strong>do</strong> um<br />

questionário por e-mail, uma brincadeira que an<strong>do</strong>u circulan<strong>do</strong> entre amigos, ele falou desse<br />

como sen<strong>do</strong> o filme que marcou sua vida.<br />

Depois, nova saída <strong>do</strong> cinema, novo bate-papo, agora com vias a já saber o que fazer na noite -<br />

eu tinha que trabalhar to<strong>do</strong>s os dias de manhã bem ce<strong>do</strong>, o que não me impedia de me acabar<br />

até bem tarde. Uma fuzarca, uma legítima e recalcitrante fuzarca. Montes de gente foram<br />

embora, mas não sei porque cargas d'água achamos que seria uma boa ver um filme que vinha<br />

a seguir. O filme, chama<strong>do</strong> O Cu-de-Ostra <strong>do</strong>s Abustres no meu mun<strong>do</strong>, era assim uma coisa<br />

indescritível de tão chato. O público que havia se decidi<strong>do</strong> a ficar foi in<strong>do</strong> embora aos poucos.<br />

Depois de uns vinte minutos eu a Gaby e o Giuseppe nos olhamos e também fomos embora <strong>do</strong><br />

cinema quase vazio. Porque essas coisas são assim, foi o vence<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Festival.<br />

De novo lá fora, uma proposta real e concreta de noite: um bar chama<strong>do</strong> Casino, onde o pessoal<br />

<strong>do</strong> Super-8 estava fazen<strong>do</strong> sua festa. Aí apareceu sei lá de onde a apresenta<strong>do</strong>ra de um<br />

programa juvenil da repeti<strong>do</strong>ra da maior rede nacional e uma guria muito querida por quem eu<br />

me apaixonei na hora. Na hora, na horita, na horaça, no horêra. De supetão. Também não<br />

lembro porquê, mas logo estávamos eu, minha amada, a apresenta<strong>do</strong>ra e o Giuseppe em um<br />

carro, in<strong>do</strong> para não sei onde. Demos umas bandas até chegar no bar - aí eu lembro de bater

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