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Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

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Pois o texto contemporâneo, alimentan<strong>do</strong> correspondências on line e conferências<br />

eletrônicas, corren<strong>do</strong> em redes, flui<strong>do</strong>, desterritorializa<strong>do</strong>, mergulha<strong>do</strong> no meio oceânico <strong>do</strong><br />

ciberespaço, esse texto dinâmico reconstitui, mas de outro mo<strong>do</strong> e numa escala<br />

infinitamente superior, a co-presença da mensagem e se seu contexto vivo que caracteriza a<br />

comunicação oral (LÉVY, 1996: 39).<br />

Em suma, a universalidade ciberespacial não está alicerçada sobre as fundações da<br />

palavra, sobre as construções <strong>do</strong> discurso. Antes, tal universalidade é proporcional ao<br />

movimento empreendi<strong>do</strong> por determinada mensagem através <strong>do</strong>s labirintos da informação.<br />

O universal não mais utiliza o artifício <strong>do</strong> fechamento semântico para efetuar seu ritual<br />

totalizante. “Esse universal não totaliza mais pelo senti<strong>do</strong>, ele conecta pelo contato, pela<br />

interação geral” (LÉVY, 2001: 119).<br />

Essa impossibilidade de totalização gera o para<strong>do</strong>xo essencial da cibercultura:<br />

quanto mais universal (interconecta<strong>do</strong>, extenso, interativo), o ciberespaço torna-se menos<br />

totalizável, ou seja, cada vez menos suscetível de assimilação por meio <strong>do</strong> fechamento<br />

semântico, da unidade da razão. O ciberespaço realizou a façanha, portanto, de conseguir<br />

separar a universalidade e a totalização, que antes pareciam indissociáveis. “O principal<br />

evento cultural anuncia<strong>do</strong> pela emergência <strong>do</strong> ciberespaço é a desconexão desses <strong>do</strong>is<br />

opera<strong>do</strong>res sociais ou máquinas abstratas (muito mais <strong>do</strong> que conceitos!) que são a<br />

universalidade e a totalização” (idem: 118). O ciberespaço, como o cerne ideal para o<br />

florescimento de para<strong>do</strong>xos e antinomias, tende a tornar-se ainda mais universal,<br />

convergin<strong>do</strong> para si uma gama tão diversa de conceitos e informações, que será impossível<br />

traçar uma linha reta entre eles.<br />

Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se torna “universal”, e menos o mun<strong>do</strong><br />

informacional se torna totalizável. O universal da cibercultura não possui nem centro nem<br />

linha diretriz. É vazio, sem conteú<strong>do</strong> particular. Ou antes, ele os aceita to<strong>do</strong>s, pois se<br />

contenta em colocar em contato um ponto qualquer com qualquer outro, seja qual for a<br />

carga semântica das entidades relacionadas (idem: 111).<br />

O “sistema <strong>do</strong> caos”. É assim que Pierre Lévy passa a chamar o ciberespaço, esse<br />

meio de comunicação virtual, surreal, que se configura como a “encarnação máxima da<br />

transparência técnica”, acolhen<strong>do</strong> todas as opacidades <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, devi<strong>do</strong> a seu crescimento<br />

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