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Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

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foi uma entidade virtual, no senti<strong>do</strong> de que ele existe no inconsciente coletivo<br />

independentemente de sua evocação e “materializa-se” no ato de fala, nos jogos de<br />

linguagem e na escrita. O texto é, por si só, “um objeto virtual, abstrato, independente de<br />

um suporte específico” (LÉVY, 1996: 35). A problemática atual (recente) a respeito <strong>do</strong><br />

texto é que ele recebeu um prefixo que lhe transfigurou em forma e essência. Com a<br />

interconexão <strong>do</strong>s discursos possibilitada pelo processo de navegação através <strong>do</strong><br />

ciberespaço, o texto evoluiu, sofreu uma mutação, e transformou-se em hipertexto. Não por<br />

isso o “velho texto” tenha deixa<strong>do</strong> de existir. Ele ainda persiste, é a célula-mãe, um mero<br />

fragmento de um universo incomensurável de jogos de linguagem.<br />

Para cada uma das grandes modalidades <strong>do</strong> signo, texto alfabético, música ou imagem, a<br />

cibercultura faz emergir uma nova forma e maneira de agir. O texto <strong>do</strong>bra-se, re<strong>do</strong>bra-se,<br />

divide-se e volta a colar-se pelas pontas e fragmentos: transmuta-se em hipertexto, e os<br />

hipertextos conectam-se para formar o plano hipertextual indefinidamente aberto e móvel da<br />

Web (LÉVY, 2001: 149).<br />

“Um hipertexto é uma matriz de textos potenciais, sen<strong>do</strong> que alguns deles vão se<br />

realizar sob o efeito da interação com um usuário” (LÉVY, 1996: 40). A modalidade de<br />

texto como sen<strong>do</strong> o elemento-matriz de um hipertexto, que vai sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> à medida<br />

que o leitor (internauta) o percorre, provocou um choque no conceito de autoria. Para Pierre<br />

Lévy, o navega<strong>do</strong>r participa da redação (ou pelo menos da edição) <strong>do</strong> texto que ele “lê”,<br />

uma vez que determina sua organização final.<br />

Se definirmos um hipertexto como um espaço de percurso para leituras possíveis, um texto<br />

aparece como uma leitura particular de um hipertexto. O navega<strong>do</strong>r participa, portanto, da<br />

redação <strong>do</strong> texto que lê. Tu<strong>do</strong> se dá como se o autor de um hipertexto constituísse uma<br />

matriz de textos potenciais, o papel <strong>do</strong>s navegantes sen<strong>do</strong> o de realizar alguns desses textos<br />

colocan<strong>do</strong> em jogo, cada qual à sua maneira, a combinatória entre os nós. O hipertexto<br />

opera a virtualização <strong>do</strong> texto (LÉVY, 2001: 57).<br />

Notemos, entretanto, que esse processo autoral é, no mínimo, relativo. É<br />

necessário perceber que essa construção dá-se num âmbito abstrato. O que ocorre<br />

efetivamente é a montagem, a estruturação <strong>do</strong> texto, a atualização (oposto de virtualização)<br />

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