19.06.2013 Views

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Desta forma, a unidade geral a que se sobrepõem os diversos grupos<br />

contraculturais – a boêmia beat e hippie – consiste na tentativa de elaborar a estrutura de<br />

personalidade e o estilo de vida total que se derivam da crítica social da Nova Esquerda,<br />

procuran<strong>do</strong> “descobrir novos tipos de comunidade, novos padrões familiares, novos<br />

costumes sexuais, novas maneiras de ganhar a vida, novas formas estéticas e novas<br />

identidades pessoais no la<strong>do</strong> oculto da política de poder, no lar burguês e na sociedade de<br />

consumo” (idem: 75). Em síntese, a meta fundamental da contracultura consiste em<br />

“proclamar um novo céu e uma nova terra, tão vastos, tão maravilhosos, que as pretensões<br />

descabidas da técnica tenham forçosamente de se retrair, diante de tamanho esplen<strong>do</strong>r, a<br />

uma posição subordinada e marginal na vida <strong>do</strong>s homens” (idem: 242).<br />

Theo<strong>do</strong>re Roszak, escreveu sua obra, A Contracultura, nos anos de 1968 e 1969,<br />

no pleno auge <strong>do</strong> movimento contracultural nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Aí reside a maior<br />

vantagem e, ao mesmo tempo, a maior desvantagem da obra. A vantagem está no fato de se<br />

enxergar nas linhas <strong>do</strong> autor reflexos diretos das transformações ocorridas naquela década,<br />

o que produziu um texto vivo, que suplantou os academicismos em nome de um ideal. A<br />

desvantagem, contu<strong>do</strong>, está na impossibilidade de um distanciamento temporal que o<br />

permitisse acompanhar o caminho que viria a ser percorri<strong>do</strong> pela contracultura. Entretanto,<br />

Roszak ainda teve tempo de perceber a derrocada <strong>do</strong> movimento e prever o seu fim, pelo<br />

menos em essência. Ele argüiu que “é a experimentação cultural <strong>do</strong>s jovens que<br />

freqüentemente corre o maior risco de infestação comercial – e, portanto, de dissipação da<br />

força de sua contestação” (idem: 79). Como um visionário, ou um astuto observa<strong>do</strong>r social,<br />

ele enxergou que a contracultura começava a aparentar, para<strong>do</strong>xalmente, “uma campanha<br />

publicitária em escala mundial”. O autor vaticinou, portanto, que a contracultura corria o<br />

risco de sucumbir à debilidade de seu relacionamento cultural com os desprivilegia<strong>do</strong>s e à<br />

vulnerabilidade perante a exploração como espetáculo diverti<strong>do</strong> para a “sociedade<br />

opulenta” (idem: 80-81). E foi justamente isso o que aconteceu...<br />

É fato que a contracultura derivou das circunstâncias políticas, sociais,<br />

econômicas e culturais na década de 60, que se resumia numa sociedade de massas baseada<br />

no consumo, transforman<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s em merca<strong>do</strong>ria para produção em série. E os<br />

22 Link para o Capítulo 3, onde a questão das drogas e as aventuras psicodélicas serão tratadas de maneira<br />

sóbria e casta.<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!