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Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

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Bakhtin atenta para importância de se levar em conta o contexto no qual uma<br />

manifestação é erigida. Para ele “assim como, para observar o processo de combustão,<br />

convém colocar o corpo no meio atmosférico, da mesma forma, para observar o fenômeno<br />

da linguagem, é preciso situar os sujeitos – emissor e receptor <strong>do</strong> som –, assim como o<br />

próprio som, no meio social” (BAKHTIN, 1997: 70). Isto significa que não é possível<br />

abster-se de fazer remissão aos lugares de onde tais discursos advêm. A priori, os chama<strong>do</strong>s<br />

contextos factual e ficcional, são esses os lugares, <strong>do</strong> jornalismo e da literatura,<br />

respectivamente. No entanto, a delimitação desses “lugares” deve contribuir não para a<br />

classificação e hierarquização das práticas discursivas, mas para se chegar ao entendimento<br />

das “regras que, ainda, autoritariamente, regem sua enunciação na medida em que<br />

procuram defini-los” (RESENDE, 2002: 42). Ao pensar o discurso dentro <strong>do</strong> âmbito da<br />

pós-modernidade:<br />

Faz-se necessário considerar que componentes, tanto das águas literárias quanto<br />

jornalísticas, servem para que se estabeleça alguma diferenciação entre elas. Mas pensar que<br />

essa diferença impossibilita a interpenetração que se dá nesses <strong>do</strong>is campos é limitar o<br />

universo literário que se desenvolveu para um universo verbal mais abrangente. Sen<strong>do</strong><br />

assim, deve-se não exatamente definir os <strong>do</strong>is discursos, mas estabelecer variáveis que<br />

possibilitem sua aproximação (idem: 40).<br />

No entanto, não podemos limitar nossa discussão somente ao antagonismo entre<br />

factual e ficcional pois, “a rigor, não há propriamente jornalismo, mas jornalismos, com<br />

formas, méto<strong>do</strong>s e objetivos bem distintos entre si, de acor<strong>do</strong> com os propósitos de quem<br />

produz e <strong>do</strong> público a que se destina” (MORETZSOHN, 2002: 13). Através deste prisma, é<br />

possível enxergar que “o discurso jornalístico, como qualquer outro, não se faz de forma<br />

única, mas, ao contrário, de variações, de mo<strong>do</strong>s jornalísticos – notícias, reportagens,<br />

entrevistas, crônicas, artigos e outros – que se processam dentro <strong>do</strong> próprio fazer<br />

jornalístico” (RESENDE, 2002: 65). Assim, entendemos que acolher a classificação<br />

imposta ao discurso jornalístico, encaran<strong>do</strong>-o como expressão de constituição<br />

indelevelmente informativa, limita o seu campo de manifestação. Para Santaella:<br />

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