Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador
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ANEXO 5<br />
O ET DE VAGINA<br />
por Paula Pó com ilustrações de<br />
Nelson Azeve<strong>do</strong> e Luiz Monty Pellizzari<br />
Quase um mês sem sexo. O sol gritava lá fora. Estava vestin<strong>do</strong> rosa. E pra variar, sou jornalista.<br />
<strong>Jornalismo</strong> é uma daquelas profissões fantasiosas que enganam desde os primórdios da pena.<br />
No curso entre um basea<strong>do</strong> e outros, entendi que matérias como Política de Comunicação,<br />
Interfaces de Programação Visual e Novas Tecnologias de Comunicação têm o mesmo fim, o<br />
abismo profun<strong>do</strong> e inacaba<strong>do</strong> <strong>do</strong> meu cérebro, caíram há muitos anos e ainda não fizeram o<br />
barulho sur<strong>do</strong> de quem cai no chão. E pra quê? Pra atender o telefone e ouvir isso.<br />
Eles me levaram e me possuíram. Quem? Eles são perigosos. O senhor está falan<strong>do</strong> de quem?<br />
Do coman<strong>do</strong> vermelho? Do homem <strong>do</strong> saco? Do FÊO, o pagodeiro fugitivo? Não. Dos ETs. Hã.<br />
Diga mais. Só pessoalmente. Fui na casa dele. Paredes azuis, alguns quadros de anjos, poucos<br />
livros, enya rolan<strong>do</strong>. Aceita um suco? Meu deus, é o inferno. Tomei um suco de morango com<br />
leite que fez meu fíga<strong>do</strong>, cuida<strong>do</strong>samente destruí<strong>do</strong> pelos anos de pinga se retorcer de <strong>do</strong>r.<br />
Maldito emprego.<br />
Isso aí começou com um <strong>do</strong>s e-mails mais bizarros da minha vida, mais que os da minha mãe.<br />
Entrarei em contato. Assim que eles permitirem. Tá. Em seguida um alfabeto supostamente<br />
alienígena numa planilha <strong>do</strong> Excel. Que merda de tecnologia avançada é essa que ainda usa o<br />
Win<strong>do</strong>ws? Então ele vomitou sua experiência. Entre uma lágrima, um soluço e uma gorfada me<br />
contou que estava na estrada, voltan<strong>do</strong> para casa depois de uma festinha. O senhor bebeu<br />
quanto? Ah, não? Desde quan<strong>do</strong>? NUNCA? Ah, EU SINTO MUITO, quer dizer, continue por favor.<br />
Bem, eu estava dirigin<strong>do</strong> de volta pra casa, quan<strong>do</strong> meu carro começou a falhar. Verifiquei as<br />
horas, três da manhã. Minha vó ficaria preocupa<strong>do</strong> comigo. Primeiro parou o motor, em seguida<br />
o som e finalmente os faróis e enfim veio a luz. Uma luz forte que clareou tu<strong>do</strong> em volta.<br />
Coloquei meus braços sobre o rosto para proteger meus olhos e quan<strong>do</strong> saí dessa posição havia<br />
se passa<strong>do</strong> cinco horas.<br />
* suspiro * E?...<br />
Depois desse dia, passei a sonhar com uma etéia. Bonitinha até. Tinha longos cabelos loiros, alta<br />
e magra. Só tinha três de<strong>do</strong>s, que usava como ninguém. Vestia uma espécie de macacão<br />
espacial, com uns desenhos estranhos. Ao contrário daqueles cinzas, tinha lábios, nariz ou<br />
orelhas. E <strong>do</strong>is olhos imensos. Desde esse dia nunca <strong>do</strong>rmi em paz. Sempre a ouço dizer que<br />
queria um filho meu. Procurei o jornal pra ver se vocês me ajudam com o DNA.<br />
- * silêncio *<br />
Esse é o problema de ser um tablóide. Não é porque publicamos corpos e resenhas de música na<br />
primeira página que se pode zombar assim. Mas então vi a prova. Concreta, firme e ereta. No<br />
prepúcio havia uma espécie de bolinha, como um grão de ervilha, que se mexia de acor<strong>do</strong> com o<br />
toque. Depois de três gozadas, digo, testes, me convenci da verdade. Iria publicar a matéria.<br />
Corri pra redação e fui procurar por embasamento, informações ou o recheio da lingüiça. O que<br />
achei me preocupou e muito. Em 1950 começou o que se pode chamar de era moderna da<br />
Ufologia. Depois que um piloto avistou nove sondas de uma única vez. Sondas podem ser<br />
compara<strong>do</strong>s como carrinhos de controle remoto, pequenas naves não tripuladas que fazem o<br />
serviço sujo da nave mãe, reconhecen<strong>do</strong> e filman<strong>do</strong> pessoas e lugares. São aquelas luzes que as<br />
pessoas afirmam ver ro<strong>do</strong>pian<strong>do</strong> pelo céu. Depois disso houve o famosos caso Roswell que deu<br />
origem à área 51, muito mais popular que a própria Ufologia. Um similar brasileiro seria o caso<br />
<strong>do</strong> ET de Varginha, reconheci<strong>do</strong> mundialmente como uns <strong>do</strong>s mais importantes dessa era.