Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador
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Não esqueçamos, entretanto, que o pós-modernismo não se trata de uma ruptura<br />
completa e radical <strong>do</strong> modernismo 18 . O pós-modernismo e a pós-modernidade são<br />
entendi<strong>do</strong>s como reações “dispersas e diversas” a alguns aspectos da modernidade.<br />
Essencialmente, a base daquilo que se convencionou chamar de pós-moderno está calcada<br />
na refutação “à ditadura da razão, à ambição totalitária e impossível das ‘grandes<br />
narrativas’ filosóficas e literárias e ao purismo asséptico, formalista e moralista, <strong>do</strong> tar<strong>do</strong>-<br />
modernismo, com o seu exacerba<strong>do</strong> ‘cânone de proibições’ e tabus” (BARRENTO, 2002).<br />
Não precisamos ir muito longe, portanto, para retomar nossa pressuposição inicial,<br />
vaticinada por Jean-François Lyotard, a lembrar: “O cenário pós-moderno é essencialmente<br />
cibernético-informático e informacional” (LYOTARD, 2002: VIII). Destarte, inverter a<br />
sentença, e afirmar que um cenário essencialmente cibernético-informático e informacional<br />
seja pós-moderno, não nos parece absur<strong>do</strong>. Até o próprio Pierre Lévy, que prega o<br />
ciberespaço como herança da modernidade, assume que as facetas fundamentais da<br />
cibercultura são amparadas na teoria pós-moderna.<br />
A filosofia pós-moderna descreveu bem o esfacelamento da totalização. A fábula <strong>do</strong><br />
progresso linear e garanti<strong>do</strong> não possui mais curso nem em arte, nem em política, nem em<br />
qualquer outro <strong>do</strong>mínio. (...) A multiplicidade e o entrelaçamento radical das épocas, <strong>do</strong>s<br />
pontos de vista e das legitimidades, traço distintivo <strong>do</strong> pós-moderno encontram-se<br />
nitidamente acentua<strong>do</strong>s e encoraja<strong>do</strong>s na cibercultura (LÉVY, 2001: 120).<br />
A Internet, e o ciberespaço como um to<strong>do</strong>, são pós-modernos por se tratarem de<br />
um universo indetermina<strong>do</strong>, que foge ao controle de si mesmo, bem como a controles<br />
externos. Mais ainda, é um universo que tende a manter e reforçar sua indeterminação à<br />
medida em que se desenvolve, se amplia, se fragmenta e, para<strong>do</strong>xalmente, se conecta, “pois<br />
cada novo nó da rede de redes em expansão constante pode tornar-se produtor ou emissor<br />
de novas informações, imprevisíveis, e reorganizar uma parte da conectividade global por<br />
sua própria conta” (LÉVY, 2001: 111).<br />
18 Link para a página 23, onde o pós-modernismo é visto como a exaltação de alguns aspectos da<br />
modernidade e a refutação de outros.<br />
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