19.06.2013 Views

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

organiza<strong>do</strong>s que têm uma relação lúdica com o modus operandi <strong>do</strong> maquinário de ponta”<br />

procuram desmistificar o aparato tecnológico mais sofistica<strong>do</strong> trazen<strong>do</strong>-o para a <strong>realidade</strong><br />

mais cotidiana. Dery enfoca que os temas recorrentes nesse underground cyberpunk são:<br />

a convergência entre o homem e a máquina; o supercorte da experiência sensorial pela<br />

simulação digital; o emprego subcultural da alta tecnologia a serviço de sensibilidades<br />

perversas ou ideologias subversivas; e uma profunda ambivalência, advinda <strong>do</strong>s anos<br />

sessenta, que leva a computa<strong>do</strong>res como motores de liberação e ferramentas de controle<br />

social, refazen<strong>do</strong> o teci<strong>do</strong> social desfia<strong>do</strong> pelo modernismo industrial e por instrumentos de<br />

uma atomização cada vez maior (apud LEMOS & PALACIOS, 2001: 228).<br />

Afirma-se que a cibercultura <strong>do</strong>s anos 90 deve muito à contracultura <strong>do</strong>s anos 60.<br />

No entanto, há de ser notada uma diferença essencial entre os <strong>do</strong>is “movimentos”, residente<br />

naquilo que se refere à “aceitação e culto da tecnologia. Coisa impensável para os hippies,<br />

estes com tendência ao rural e de forte ligação naturalista” (in LEMOS & PALACIOS,<br />

2001: 227). Todavia, tanto na contracultura quanto na cibercultura, pode-se perceber uma<br />

atitude contesta<strong>do</strong>ra ao “sistema”, de alguma forma, sem contu<strong>do</strong> haver uma perspectiva<br />

explícita de tomada de poder. Mas, o que é contracultura? Contra qual cultura lutava a<br />

contracultura <strong>do</strong>s anos 60? Existe apenas uma contracultura? Antes de responder ao<br />

primeiro questionamento, tratemos de elucidar o segun<strong>do</strong>, traçan<strong>do</strong> um panorama <strong>do</strong> que<br />

foi o movimento contracultural da década de sessenta. A resposta ao terceiro virá<br />

naturalmente...<br />

A priori, o conceito de contracultura trata-se de uma etiqueta coletiva aplicada às<br />

subculturas alternativas ou “revolucionárias” de jovens politiza<strong>do</strong>s, principalmente da<br />

classe-média, na década de 60 e princípio <strong>do</strong>s anos 70. Para Maria José Ragué Arias, a<br />

contracultura teve data e local de nascimento: o ano de 1965, no bairro de Haight-Ashbury,<br />

na cidade de São Francisco, Esta<strong>do</strong> da Califórnia, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Para Theo<strong>do</strong>re Roszak,<br />

no entanto, a contracultura caracterizou-se por sua indisciplina como movimento<br />

congregante, não comportan<strong>do</strong> uma determinação exata de seu surgimento, e comparou-a<br />

com uma cruzada medieval: “uma procissão variegada, constantemente em fluxo,<br />

adquirin<strong>do</strong> e perden<strong>do</strong> membros durante to<strong>do</strong> o percurso da marcha”. Nessa caravana<br />

obtusa, alguns são agrega<strong>do</strong>s por um curto momento, com o intuito de travar uma “luta<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!