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Delírio do Verbo: O Jornalismo Gonzo e a realidade ... - Flanador

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se interpelam, se chocam ou se misturam sobre as grandes águas <strong>do</strong> dilúvio informacional<br />

(LÉVY, 2001: 161).<br />

Esse mosaico de totalidades interconectadas (e ao mesmo tempo desconexas) gera<br />

um efeito de saturação, uma over<strong>do</strong>se de mensagens, que resultam no para<strong>do</strong>xo: a<br />

informação gera desinformação. Para Leão Serva, esse conjunto de informações “provoca<br />

uma espécie de paroxismo da desinformação-informada e da deformação, no qual milhares<br />

de informações diariamente se sobrepõem umas às outras no suporte da comunicação, no<br />

meio em si e também ou mais gravemente na mente <strong>do</strong> receptor, em sua compreensão de<br />

mun<strong>do</strong>” (SERVA, 2001: 76). Pierre Lévy também constata essa evidência ao ressaltar que<br />

“o saber, destotaliza<strong>do</strong>, flutua. De onde resulta um sentimento violento de desorientação”<br />

(LÉVY, 2001: 166). Para ele, a causa da “desordem” é a interconexão em tempo real de<br />

to<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong>s. Nessa “orgia” virtual, a troca de flui<strong>do</strong>s é constante e o entrelaçar de<br />

corpos é tão simbiótico, que não se sabe onde um começa e o outro termina.<br />

[A Internet] Trata-se de um novo tipo de organização sociotécnica que facilita a mobilidade<br />

no e <strong>do</strong> conhecimento, as trocas de saberes, a construção coletiva <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, em que a<br />

identidade sofre uma expansão <strong>do</strong> eu baseada na diluição da corporeidade, ou seja, o que se<br />

perde em corpo ganha-se em rapidez e capacidade de disseminar o eu no espaço-tempo.<br />

Assiste-se, assim, a uma aceleração <strong>do</strong> metabolismo social (Lídia Oliveira Silva in LEMOS<br />

& PALACIOS, 2001: 152- observação minha).<br />

E um <strong>do</strong>s principais fenômenos observa<strong>do</strong>s nessa nova concepção de sociedade é<br />

decerto sua velocidade de transformação. A <strong>realidade</strong> calei<strong>do</strong>scópica <strong>do</strong> ciberespaço é<br />

amorfa, fluida, mutante. A cada vez que se olha para ela, não se vê a mesma coisa, não se<br />

reconhece o objeto anterior. O ciberespaço é desprovi<strong>do</strong> de qualquer essência estável, de<br />

mo<strong>do</strong> que a velocidade de transformação configura-se como o único elemento constante de<br />

sua natureza, o que constitui um intrigante para<strong>do</strong>xo (LÉVY, 2001: 27).<br />

Mais que isso, a configuração <strong>do</strong> ciberespaço implica também numa aceleração <strong>do</strong><br />

ritmo da alteração tecno-social, fazen<strong>do</strong> com que a inclusão neste movimento torne-se<br />

“necessária”, caso contrário, a exclusão ocorreria de maneira ainda mais radical naqueles<br />

que não entraram no ciclo “positivo” da alteração, de sua compreensão e apropriação.<br />

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