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Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

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não uma gradação de “dever”. Se a imposição, como a condição estatui, é não-­‐indiferente à <br />

justiça, mais exactamente, se a imposição é justa, a não imposição será necessariamente <br />

injusta. <br />

Regressemos então à conclusão do autor: “I see no reason to conclude that foregoing <br />

reprobative punishment is perforce a violation of justice” 182 . Mas, de facto, não é assim. Se, de <br />

facto, a punição 183 for justa, independentemente de a lógica ser ou não retributiva, então a <br />

não-­‐punição tem necessariamente de ser injusta. <br />

5 – Pistas teológicas <br />

a) Justificação ou injustificação? <br />

Na quarta parte de Justice in Love 184 , Wolterstorff aborda a questão da justiça do amor <br />

de Deus, focando em especial a questão da justificação. Como afirma, “Justification is the <br />

juridical equivalent of inter-­‐personal forgiveness” 185 . Com esse objectivo em mente, centra a <br />

sua análise na Carta do apóstolo Paulo aos Romanos. <br />

Wolterstorff dedica parte da argumentação a provar que o tema principal da Carta aos <br />

Romanos não é a salvação pessoal, nem a fidelidade de Deus para com o seu pacto, a sua <br />

aliança, mas antes a justiça do Seu amor expressa na justificação do pecador 186 . Vejamos o que <br />

Wolterstorff entende por justificação 187 . <br />

182<br />

Cf. Justice in Love, op. cit.,p. 204. Quando Wolterstorff utiliza a expressão perforce, neste <br />

contexto, parece estar a sugerir que há situações em que não deve haver lugar a perdão. Isso condiz <br />

com o que se encontra, por exemplo, num capítulo anterior, onde se sugere que, sem arrependimento, <br />

não poderia haver perdão. <br />

183<br />

184<br />

Que, como vimos, implica uma imposição. <br />

Cf. op. cit., pp. 243 e ss.. <br />

185<br />

Cf. Justice in Love, op. cit.,p. 265.. Como vemos, tendo em conta que o próprio Wolterstorff <br />

identifica a justificação com o perdão, a discussão que subjaz à quarta parte desta obra é semelhante à <br />

discussão sobre a justiça do perdão, apesar de o autor não contrapor as duas. O elemento distintivo é a <br />

análise que Wolterstorff faz da Carta aos Romanos e a abordagem do tema a partir de um ângulo que <br />

leva em consideração a natureza divina. <br />

186<br />

Cf. op. cit., p. 281: “the justice of God's generosity in justifying sinners is Paul's overarching <br />

theme”. <br />

187<br />

Cf. Justice in Love, pp. 263-­‐264. <br />

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