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Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

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precisamente que muitas vezes há proximidade e articulação entre os dois conceitos. <br />

Nesse sentido, não se verifica exactamente a seu respeito aquilo que é descrito por <br />

Lichtenberg. Mas, por outro lado, o modo como os dois conceitos habitualmente <br />

coexistem e até “colaboram” está marcado por uma sistemática desfocagem em <br />

relação ao respectivo nexo e à forma como as suas “cargas de determinação” actuam <br />

uma sobre a outra. Ora, neste sentido, passa-­‐se com estes dois conceitos algo de <br />

equivalente ao que é descrito por Lichtenberg. E isto de tal modo que, se porventura <br />

se chega a focá-­‐los, a proceder a um efectivo confronto (se se “experimenta” com <br />

estes conceitos, no sentido de Lichtenberg), o resultado é precisamente uma <br />

transfiguração problemática do tipo referido. <br />

O conceito de Justiça que propomos considerar regula-­‐se por uma lógica <br />

relativa ao “mérito”, em que se incluem os conceitos de responsabilidade e de <br />

adequação, associados a conceitos como “uniformidade”, “correspondência entre <br />

termos”, e “previsibilidade”. <br />

Já o conceito de Perdão se parece fundamentar num padrão radicalmente <br />

distinto – a ponto de, pelo menos à primeira vista, poder parecer injusto e arbitrário. A <br />

Justiça ordena, pelo princípio da responsabilidade, que quem deve preste o devido a <br />

quem é devido. Mas o perdão parece ir ao arrepio de tudo isto. Por um lado, deixa de <br />

haver essa prestação por parte de quem cumpria; por outro lado, quem a suporta é <br />

precisamente aquele que a deveria receber. Na questão do perdão há, assim, uma <br />

dupla injustiça: quem deve não paga, e quem deveria receber suporta a dívida. <br />

Um percurso fragmentário – o negativo (ou, mais precisamente: uma parte do <br />

negativo) <br />

Como resulta do exposto, a indagação que nos propomos realizar é <br />

fundamentalmente uma indagação da própria dificuldade – do nó da dificuldade (ou <br />

melhor, de uma parte desse nó – de uma parte que permita, por assim dizer, “apanhar <br />

o fio à meada”). Para o expressar nos termos de Aristóteles, o que está em jogo é <br />

aquela tomada de conhecimento da aporia sem a qual o que quer que seja que surja <br />

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