10.01.2014 Views

Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CAPÍTULO I <br />

CLEMÊNCIA E JUSTIÇA: O CASO DO DE CLEMENTIA <br />

1 -­‐ Introdução <br />

a) A clemência como virtude <br />

Neste primeiro capítulo trata-­‐se de analisar a noção de clemência que Séneca <br />

propõe no De Clementia 5 e a noção de justiça que o próprio Séneca tem por suposta, <br />

de tal modo que detecta uma tensão, dificuldades, e até incompatibilidades entre ela e <br />

a clemência. <br />

Em primeiro lugar, há que salientar que o contexto em causa é, <br />

fundamentalmente, o do discurso político. Mas também aqui se verifica a conexão <br />

entre o discurso político e o “teológico” a que anteriormente foi feita referência. Este <br />

carácter “teológico”, por sua vez, assume duas formas distintas, ambas relevantes para <br />

a nossa análise. <br />

Tem, por um lado, a forma de um discurso sobre o poder absoluto. Note-­‐se que <br />

se trata de um imperador romano e que, por isso, estamos a falar de um poder <br />

absoluto no sentido mais irrestrito humanamente possível – aquele sentido que o <br />

próprio Séneca expressa, por exemplo, em fórmulas como, por exemplo, “maxima <br />

potestas” 6 e “haec tanta facultas rerum” 7 , onde subjaz a ideia de um poder no sentido <br />

superlativo, semelhante ao dos deuses. <br />

Por outro lado, o cruzamento com o discurso teológico não se esgota na posse <br />

de um poder levado à sua expressão máxima. Passa também pela ideia de virtude em <br />

sentido absoluto. Ou seja, o imperador é apresentado não só como titular da forma <br />

5<br />

A edição usada é a seguinte: BRAUND, Susanna (ed.), Seneca, De Clementia, New York, Oxford <br />

University Press, 2011. <br />

6<br />

7<br />

Cf. 1.11.2, “haec est in maxima potestate”. <br />

Cf. 1.1.3, “In hac tanta facultate rerum”. <br />

9

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!