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Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

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Vejamos, em primeiro lugar, os principais pressupostos do perdão que Wolterstorff <br />

propõe, ou seja, os que relevam directamente para a questão da justiça, e, em segundo lugar, <br />

analisemos a definição que propõe. <br />

O primeiro pressuposto do perdão é que alguém tenha sido “tratado <br />

injustamente” 149150 : “to wrong a human being is to treat her in a way that is disrespectful of <br />

her worth.” 151 . A definição deste conceito é uma síntese de três ideias. Por um lado, supõe a <br />

premissa de que todos os seres humanos têm um valor não-­‐instrumental 152 . Por outro, <br />

também tem na sua base a ideia de que algumas das nossas acções face a outros seres <br />

humanos têm significado de respeito ou desrespeito pelo valor daqueles. Em terceiro lugar, <br />

considera-­‐se que esse significado pode ou não corresponder ao valor efectivo do ser humano <br />

que é objecto dessa acção. <br />

Igualmente importante como pressuposto é a culpa 153 do ofensor. Sem essa culpa, <br />

como veremos de seguida, não há lugar a perdão. <br />

Wolterstorff entende por perdão “the enacted resolution of the victim no longer to <br />

hold against the wrongdoer what he did to one” 154 . O autor explica melhor o que entende por <br />

“not to hold the act against the wrongdoer”, adiantando que esse acto corresponde a “to <br />

engage him as I would if I believed that it was only part of his personal history, not part of his <br />

moral history” 155 . <br />

E o que significa esta última expressão? Wolterstorff clarifica. Se, de facto, o acto não <br />

fosse parte da história moral do “wrongdoer”, isso significaria que ele não teria sido <br />

responsável. Por essa razão, não havendo lugar a condenação, também não haveria o que <br />

perdoar. Teria de o desculpar (excuse) 156 . <br />

149<br />

150<br />

151<br />

152<br />

153<br />

154<br />

155<br />

156<br />

Em inglês, “wronged”. O autor introduz-­‐nos a este conceito em Justice, op. cit., p. 292 e ss.. <br />

Cf. Justice in Love, op. cit., p. 167. <br />

Cf. op. cit., p. 296. <br />

Cf. op. cit., p. 296. <br />

Em sentido lato. Está implicada a ideia de que o indivíduo em causa foi responsável pela acção. <br />

Cf. Justice in Love, op. cit., p. 169. <br />

Cf. Justice in Love, op. cit.,p. 170. <br />

Usamos o verbo desculpar, com um significado distinto do uso comum do termo, que pode ser <br />

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