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Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

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Nele (Secundum Te). <br />

Posto isto, as respostas de Wolterstorff, particularmente as que dá a propósito do <br />

dever de perdoar, remetem-­‐nos para uma tensão teológica: a tensão entre a natureza de Deus <br />

e a Sua vontade. Por outras palavras, as teses de Wolterstorff remetem-­‐nos para a tensão <br />

entre uma perspectiva racionalista e uma perspectiva voluntarista de Deus: Deus é justo ou <br />

justo é simplesmente o que Deus quer? <br />

Parece-­‐nos que a fragilidade principal do raciocínio de Wolterstorff é semelhante à de <br />

S. Anselmo. Wolterstorff quer provar que Deus é sumamente justo. Ao mesmo tempo <br />

pretende elevar a justiça (primária), através da ideia de um merecimento inalterável do ser <br />

humano e também através de uma redução da justiça correctiva, a qual, em última análise, <br />

acaba por ficar dependente da vontade de quem tem legitimidade para decidir sobre a <br />

alternativa perdão/pena. <br />

Na justiça primária, encontra uma fonte de mérito: o valor inerente do ser humano. Na <br />

justiça correctiva, o conceito de mérito é transportado para a vontade: o mérito é o da <br />

vontade. Mesmo quando, a propósito do dever de caridade, procura uma fonte para o mérito <br />

em Deus, Wolterstorff desenha, implicitamente, um permission-­‐right divino para perdoar. <br />

Em suma, Wolterstorff recorre, implícita ou explicitamente, à vontade para <br />

fundamentar que Deus é sempre justo. Mas a tensão permanece e a perplexidade <br />

também: Será aquela vontade justa, injusta ou a questão deverá ser invertida? Por que <br />

razão Wolterstorff, tal como Anselmo, cai na supremacia da vontade ao tentar <br />

defender a justiça até às últimas consequências? <br />

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