10.01.2014 Views

Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

Tese Mestrado - Tiago Macaia Martins.pdf - RUN

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

justificação do pecador. <br />

Mas parece que aquilo que Wolterstorff escreve a respeito da fé se resume a <br />

responder a uma parte da pergunta “por meio de quê pode alguém ser justificado?”, e não <br />

responde à pergunta “o que” justifica esse alguém?”, ou seja, “o que fundamenta a justificação <br />

de alguém?” 204 . Caso contrário não se compreenderia o facto de Wolterstorff ter referido que, <br />

na justificação, o juiz imputa (reckons) a fé como justiça (dikaiosunē), precisamente porque o <br />

réu, no que diz respeito às suas obras, era culpado 205 . <br />

Se dúvidas pudessem restar, Wolterstorff mostra, numa secção final, como de facto <br />

deixa a questão em aberto: “I judged that [laying out the sctruture of [Paul's] argument <br />

concerning the justice of God's love] did not require explaining how the fidelity of Jesus <br />

grounds God's justification of the sinner.” 206<br />

Assim, resulta claro que Wolterstorff considerou irrelevante para os seus propósitos <br />

explicar o fundamento último da justificação do pecador, ou seja, identificar a justiça (em <br />

sentido absoluto) da justificação – contentando-­‐se em analisar minuciosamente apenas a <br />

questão da imparcialidade e a do acesso a essa justificação por meio da fé. <br />

Perante isto, pouco mais nos resta do que perplexidade. Como é que se pode entender <br />

a justiça da justificação se não nos é apresentado o seu fundamento último, ou seja, “how the <br />

fidelity of Jesus grounds God's justification of the sinner” 207 ? Parece-­‐nos que não se pode, e a <br />

justificação de Wolterstorff permanece injustificada. <br />

Analisaremos em seguida a doutrina exposta por Wolterstorff a propósito dos deveres <br />

de caridade. O nosso propósito é tentar encontrar maior clareza na sua resposta à nossa <br />

questão de fundo. <br />

b) A noção de “duties of charity” <br />

204<br />

A diferença entre as duas é explicitada noutra carta de Paulo: “pela graça sois salvos, por meio <br />

da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:8). Ou seja, há uma diferença entre o meio de <br />

acesso e a própria possibilidade de acesso. <br />

205<br />

206<br />

207<br />

Conferir supra a apresentação do conceito de justificação. <br />

Cf. Justice In Love, op. cit.,p. 281. <br />

Cf. Justice In Love, op. cit.,p. 281. <br />

95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!