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DIARIO DA CAMARA DOS DEPUTADOS - Câmara dos Deputados

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Abril de 1996 DIÁRIO <strong>DA</strong> CÂMARA <strong>DOS</strong> DEPUTA<strong>DOS</strong> Quinta-feira 25 11187<br />

de um tamanho rigor que não ocorria por ocasíão da O Plano Real provocou um ajustamento genedité1dura<br />

militar. Eu, que fui Presidente de Sindicato ralizado na economia, com o fim <strong>dos</strong> ganhos inflanaquela<br />

ocasião, nunca tive a possibilidade de ver cionários, resultandd natural diminuição no ritmo de<br />

uma greve ser julgada abusiva.<br />

funcionamento de setores produtivos. Até o final do<br />

Uma greve não começa a ser abusiva a partir ano passado, no entanto, os segmentos do comércio<br />

da sua decretação. Quando se decreta a greve, e serviços realizavam absorção de mão-de-obra, de<br />

possivelmente depois de um determinado período o maneira que parte <strong>dos</strong> atingi<strong>dos</strong> pelos cortes na in-<br />

Tribunal pode decretá-Ia abusiva ou não; ou seja, só dústria acabava obtendo colocação ou se dirigia ao<br />

depois de a greve estar em andamento. Agora, pro- mercado informal.<br />

põe-se que essas greves julgadas abusivas, tenham Agora, verifica-se que também as áreas de comultas<br />

diárias de quinhentos salários mínimos, a de- mércio e serviços estão dispensando trabalhadores,<br />

pender da possibilidade econômica de cada sindica- que não mais conseguem acesso à economia informal,<br />

to. Se for um sindicato razoavelmente forte, do ponto cuja saturação é igualmente notória. Segundo referida<br />

de vista econômico, terá uma sanção, terá uma mul- pesquisa, em março último o comércio de São Paulo<br />

ta não de quinhentos salários mínimos diários, mas dispensou 36 mil trabalhadores, dez mil a mais do que<br />

mil salários mínimos diários. E aí é que vem o mais havia contratado em dezembro de 1995.<br />

hilário deste projeto de lei de greve. É que esse sin- Nos Municípios da Baixada Fluminense, a sidicato<br />

poderá recorrer dessa multa e ser perdoado tuação assume proporções dramáticas, em face da<br />

caso se ajoelhe diante do Tribunal e diga: "Por favor, grande dependência da população trabalhadora a<br />

perdoe-me desta multa porque prometo durante cin- setores como a construção civil, indústrias de base e<br />

co anos não fazer mais nenhuma greve abusiva". ao comércio, precisamente os que enfrentam maio-<br />

Volto a repeti; que a greve não começa abusi- res dificuldades para continuar sobrevivendo, dada a<br />

va, ela pode ser julgada abusiva. Ninguém, ao de- retração generalizada do mercado.<br />

cretar uma greve, diz aos seus associa<strong>dos</strong>: "Vamos Não há dúvidas de que a ampla abertura da<br />

fazer uma greve abusiva".<br />

economia e o conseqüente aumento das importaçõ-<br />

Portanto, particularmente - sou uma pessoa es, ao lado <strong>dos</strong> juros eleva<strong>dos</strong> e da ausência de<br />

que me julgo entender um pouco de movimento sin- uma política industrial, estão na raiz desse problema<br />

dical -, não consigo compreender se a intenção do de dimensões econômicas e sociais tão graves para<br />

Governo é acabar com a existência do movimento a Nação.<br />

sindical brasileiro ou impossibilitá-lo, o que seria a Também não se desconhece o fato de que<br />

negação da democracia neste País.<br />

atualmente o desemprego constitui um drama co-<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

mum a países ricos e aos ainda não desenvolvi<strong>dos</strong>,<br />

O SR. FERNANDO GONÇALVES (Bloco/PTB como o Brasil. A Europa, por exemplo, vive expe-<br />

- RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presi- riências sem precedentes, com taxas de desempredente,<br />

srªs e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, os indicadores que go altíssimas, sobretudo por mudanças de natureza<br />

medem o desemprego no País, particularmente nos estrutural em seus processos de produção.<br />

grandes centros populacionais, são cada vez mais Mas as conseqüências de quedas sensíveis<br />

preocupantes e assustadores, conforme demonstra nos níveis de emprego nos países com estruturas<br />

a pesquisa da Fundação Seade em parceria com o sociais marcadas pela concentração de renda são<br />

Dieese, divulgada no início desta semana.<br />

evidentemente, muito mais profundas e injustas, por-<br />

Não são apenas os alarmantes números refe- que atingem contingentes populacionais de baixa<br />

rentes a março, que afligem a opinião pública nacio- renda desprovi<strong>dos</strong> de proteção para o próprio sus-<br />

. nal e a população como um todo. tento pessoal e familiar.<br />

Efetivamente, são recordes negativos, desde a Sr. Presidente, srªs e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, são neimplantação<br />

do real, as taxas do desemprego, o cessárias medidas urgentes, antes que o problema<br />

qual, em São Paulo, já chegou a 15% da população assuma proporções incontroláveis, o que certamente<br />

economicamente ativa, com 1 milhão e 238 mil pes- faria o País mergulhar em uma convulsão socia.l de<br />

soas sem ocupação, o mesmo acontecendo no Rio de resulta<strong>dos</strong> comprometedores para as futuras gera-<br />

Janeiro, onde se verifica o mais baixo nível de empre- ções de brasileiros.<br />

go na indústria, desde o fim da década passada.<br />

É preciso antes de tudo realizar-se um amplo<br />

Mais graves ainda, Sr. Presidente, são a ten- debate nacional sobre as verdadeiras causas dessa<br />

dência e a velocidade da desaceleração econômica. inquietante questão, abandonando-se o emocionalis-

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