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DIARIO DA CAMARA DOS DEPUTADOS - Câmara dos Deputados

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Abril de 1996 DIÁRIO <strong>DA</strong> CÂMARA <strong>DOS</strong> DEPUTADQS Quinta-feira 25 11175<br />

Não há meio-termo. Ou se faz a reforma agrária<br />

ou não se faz. Ela é um processo social, cultural<br />

C~ político.<br />

Não é uma operação econômica, não cajJe nas<br />

análises <strong>dos</strong> nossos tecnoburocratas, <strong>dos</strong> nossos<br />

cientistas políticos e economistas. Milhões de homens<br />

e mulheres querem a terra para produzir alimentos,<br />

vida. Querem emprego para produzir riquezas<br />

sociais. Têm a esperança e o sonho de justiça e<br />

de dignidade que constroem as grandes nações.<br />

Ela, e tão-somente a reforma agrária, pode começar<br />

a mudar nosso Brasil, autoritário, elitista e injusto.<br />

Na viagem de volta de Eldorado para São Paulo<br />

pensei com dor e angústia que a reforma agrária é<br />

nossa única oportunidade de evitar no Brasil conflitos<br />

como os da Bósnia, do Líbano e da Tchetchênia.<br />

Nossa única saída, portanto, é organizar fóruns<br />

de apoio à reforma agrária, promover atos e manifestações<br />

em todo o país. Cabe à sociedade exigir do<br />

Congresso e do governo a formulação e desencadeamento<br />

imediato de um amplo plano de ação e assentamento<br />

visando a reforma agrária em nosso país.<br />

A palavra de ordem é uma só: todo apoio ao<br />

MST e terra para quem quer trabalhar e produzir<br />

vida.<br />

O SR. ANTÔNIO DO VALLE (Bloco/PMDB ­<br />

MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Sr-s e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o contribuinte que se cuide.<br />

A dívida interna brasileira (<strong>dos</strong> Governos Federal,<br />

Estadual e Municipal) aumentou mais de 30% no<br />

ano passado em comparação com 1994 e ultrapassou<br />

R$200 bilhões, representando 31 % do PIB. E,<br />

devido ao esforço fiscal iniciado pelo Governo do ex­<br />

Presidente Fernando Collor, e aprofundado no segundo<br />

ano da administração Itamar Franco, que produziu<br />

um encolhimento nas dívidas do setor público, o vertiginoso<br />

aumento não teve efeitos mais devastadores.<br />

Com a chamada "crise financeira do Estado", o<br />

dinheiro público parece destinado a cobrir basicamente<br />

três tipos de despesas: os salários <strong>dos</strong> servidores<br />

públicos ativos e inativos, os benefícios do<br />

INSS e os juros da dívida externa e interna (estes,<br />

em média, de 35% a 40% ao ano, dentre os mais<br />

eleva<strong>dos</strong> do mundo). As somas arrecadadas não<br />

são mais revertidas em obras de infra-estrutura ou<br />

para os setores de segurança, educação e saúde...<br />

A impressionante evolução da dívida <strong>dos</strong> Governos<br />

Estaduais foi analisada pelo Banco Mundial,<br />

tendo sido o estudo publicado em novembro último.<br />

Ele mostra um quadro inquietante: dois terços da dívida<br />

estão concentra<strong>dos</strong> nos Esta<strong>dos</strong> mais ricos do<br />

País: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais<br />

e São Paulo (de longe o mais endividado, com<br />

cerca de 60 bilhões). O estudo lembra que em janeiro<br />

de 1995, os novos Governadores assumiram e<br />

herdaram uma dívida de R$95 bilhões, quase o<br />

equivalente à dívida interna federal e do Banco Centrai,<br />

e a inadimplência chegava perto da metade<br />

desse valor. Um ano mais tarde, a situação piorou<br />

significantemente, as dívidas superaram o valor das<br />

receitas, e a bola de neve acabará caindo sobre o<br />

Governo Federal e, finalmente, sobre o cidadão comum,<br />

uma vez que, nos últimos anos, os estrangulamentos<br />

de Iiquidez <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> estão sendo resolvi<strong>dos</strong><br />

com a transferência da responsabilidade desses<br />

débitos para o Tesouro Nacional ou o Banco Central.<br />

O Governo Federal é o avalista dessa gastança<br />

sem limite e, indiretamente, o maior credor das<br />

Unidades da Federação. Juros não pagos vão sendo<br />

capitaliza<strong>dos</strong>, e o estoque das dívidas torna-se cada<br />

vez maior e mais difícil de honrar, ameaçando seriamente<br />

o programa estabilizador da economia implantado<br />

com o início do Plano Real.<br />

A rolagem das dívidas tem servido para tirar o<br />

Estado do sufoco imediato. Contudo, antes de honrar<br />

os compromissos facilita<strong>dos</strong> que acabou de assumir<br />

com o Governo Federal, ele se aproveita de<br />

brechas na legislação que lhe permitem contrair novas<br />

dívidas.<br />

O próprio Banco Mundial reconhece que as opções<br />

para mudar esta situação são difíceis: se o Governo<br />

Federal apertar demais, os Esta<strong>dos</strong> são leva<strong>dos</strong><br />

à bancarrota, com conseqüências muito graves<br />

para o sistema financeiro nacional e o conjunto da ~<br />

economia. Mas, se o Governo não tomar medidas<br />

duras, ele que ficará quebrado, o que se traduziria<br />

em corte drástico <strong>dos</strong> gastos federais, aumento de<br />

impostos e recurso a financiamentos inflacionários,<br />

sendo novamente perdedor o cidadão comum.<br />

O endividamento estadual está constituído por<br />

cinco fatores, dois sob razoável controle: a dívida<br />

externa controlada a partir de 1989, no período em<br />

que os recursos no exterior para Governos Estaduais<br />

eram muito difíceis; e a dívida junto a credores<br />

externos e bancos oficiais federais, assumida pelo<br />

Governo Federal reescalonada.<br />

O Governo Central assumiu o estoque da dívida<br />

externa <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> em 1989, e reescalonou o<br />

pagamento em vinte anos, com cinco de carência,<br />

mantendo as taxas de juros originais <strong>dos</strong> contratos.<br />

Em 1993, com a Lei nº 8.727, foi a vez de as dívidas<br />

coni os bancos oficiais federais serem reescalona-

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